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quinta-feira, outubro 10, 2013

Estados Unidos (o espectáculo do shutdown)

"Deixámos de trabalhar e encerrámos o país...
... porque não pudemos chegar a um acordo sobre como gastar dinheiro imaginário que não temos"

A trica entre os dois partidos únicos nos EUA que encerrou alguns serviços públicos por falta de dinheiro refere-se a uma falsa questão. O pretexto é o braço de ferro para obrigar a administração Obama a retirar dos projectos de lei a intenção de distribuir subsidios públicos pelo Estado a cerca de 7 milhões de norte americanos em estado de carência extrema (do total dos 50 milhões que não têm seguro de saúde e, portanto, acesso aos serviços médicos, excepto se os pagarem na hora). Segundo a filosofia do Estado neoconservador, este não deve "dar nada a ninguém" (redistribuir rendimentos para colmatar as desigualdades sociais), porque ao converter os cidadãos que tiveram o azar de nascer de pais pobres em "dependentes", isso agravaria o "empreendorismo". Por outro lado prejudicaria gravemente os ricos, obrigados a pagar impostos para o dinheiro ser desviado para fins que nada têm a ver com o aumento da sua riqueza. Como se vê, isto são amendoins que exigem algum esforço para serem descascados por uma opiniõa pública embrutecida pelos Media, ao serviço dos grandes grupos de interesses, por exemplo, o lobie farmacêutico-hospitalar que se veria obrigado a investir quantias significativas de capital privado em meios de assistência a uma maior afluência de utentes tesos. E isso é bestialmente mau para o negócio.

A verdadeira questão que se põe, portanto, é que, o poder de governar nos EUA por qualquer dos dois partidos é relativo, supervisado por instâncias ocultas que se constituem num poder superior capaz de vetar qualquer medida inconveniente para a acumulação intensiva de capital. Mesmo que hipoteticamente houvesse uma administração mais ousada (recorde-se a administração Kennedy) apostada numa qualquer alternativa de cariz mais politico-social que pudesse afectar o paradigma neocon, esta veria a Reserva Federal cortar-lhe de imediato o crédito (algo que está a acontecer neste momento). Mas impedir o Governo de operar financeiramente negando-lhe o fornecimento de mais dinheiro fictício fabricado, tem outras implicações, a ver com o tecto de endividamento que precisa de uma autorização especifica do Congresso, da Casa dos Representantes, enfim dos mencionados poderes ocultos, não democráticos, preferencialmente ligados com a estratégia imperialista global dos EUA. Por exemplo, não seria a primeira vez que os EUA, cuja dívida externa se situa já perto dos 17 Triliões de dólares, perante uma situação insustentável, recorriam a um golpe de baú para não pagar aos credores internacionais. Daí o aviso em jeito de ultimato da China e do Japão (os principais credores, detentores de 43% do total da divida) para que os EUA resolvam de imediato a questão para salvaguardar os seus investimentos. Mas que Poder pode obrigá-los a actuar honestamente? - apenas a revolta do seu próprio povo, apostado em desmantelar a panelinha privada da Reserva Federal que controla toda a rede global de Bancos Centrais.

Para aprofundar o tema:
* "Metade dos Republicanos não regulam bem da cabeça" (AlterNet)

1 comentário:

Bate n-avó disse...

Para quem não tem conhecimento para onde "voa" uma grande fatia das contribuições do povo americano, tem por este nome, AIPAC.

Legendas em português.
http://youtu.be/Kbuk2J_iF20