O antigo jogador manifestou um desejo (cruzes canhoto) para o dia do seu funeral. Em entrevista à STV, disse que queria apenas
que a urna estivesse coberta com três bandeiras, a da minha terra Moçambique, a do Benfica e a de Portugal. Herói nacional, porém o desejo da bandeira da sua terra natal foi na realidade esquecido e, à medida que o delirio futeboleiro cresce, vem sendo apagado dos media. Pudera, se o desejo de Eusébio fosse cumprido, sobre a sua urna ia repousar
uma bandeira com uma kalashnikov em riste,
pela terra, o simbolo da luta contra o fascismo e o colonialismo.
"A nossa guerra é uma guerra de libertação nacional contra o colonialismo Português, contra o imperialismo e contra a exploração do homem pelo homem. Os colonialistas querem que a nossa guerra deixe de ser uma luta contra os exploradores e se transforme numa guerra contra o povo português, que deixe de ser contra o imperialismo e se torne numa guerra entre os negros de Moçambique e a população branca em Moçambique, uma guerra racista. Para atingir este objectivo, Portugal está a remover sistematicamente os povos africanos das suas terras férteis e a entregá-las aos europeus. Quando o governo português expulsa os moçambicanos das suas terras, a fim de colocar lá os seus colonos, o seu objectivo principal é forçar o surgimento de contradições entre os povos moçambicanos e português. Ao fazê-lo, o colonialismo vem dizer aos fazendeiros brancos que eles devem defender a sua terra contra os africanos, e ao mesmo tempo, cria na população africana um sentimento de ódio por aqueles que ocuparam as suas terras.
Transformar a natureza da nossa guerra e colaborando na confusão sobre a identidade do inimigo, seria criar confusão sobre quem deve ser o alvo de nossas balas"
Samora Machel 1971, (nove anos depois de Eusébio se ter sagrado campeão europeu pelo Benfica) durante a guerra pela independência de Moçambique. O documentário "
Camarada Presidente"
lança um olhar sobre Machel, como ele conduziu o seu país à independência e deixou um respeitado legado de liderança.
Não em Portugal,
mas por todo o mundo anti-imperialista.
Para aprofundar o tema:
"Quem Matou Samora Machel?" de Álvaro B. Marques, Edit Ulmeiro, 1987
a resposta é clara: os mesmos que agora endeusam Eusébio.
4 comentários:
Ó amigo Francisco Pereira, esse livro, "Quem Matou Samora Machel?", de Álvaro Belo Marques, tenho-o há muitos anos na minha estante e nada de interesse trás sobre a morte do enfermeiro Samora.
O único livro(?) que talvez faça um vislumbre a quem tenha sido o mentor, é o não menos conhecido e infeliz José Milhazes: http://www.fnac.pt/Samora-Machel-Atentado-ou-Acidente-Jose-Milhazes/a35576
Talvez, talvez, a consulta que ele tenha feito aos arquivos desclassificados da secreta soviética possam ajudar ou não à descoberta dos responsáveis, se é que algum dia venha a ser desvendado.
Ainda iremos saber, um dia, que o piloto da avioneta sofria de depressão aguda.
carissimo
se tem o livro convém que o releia; porque tem lá relatos circunstanciados do envolvimento dos serviços secretos da África do Sul (que foram aliados de Portufghal durante a Guerra Colonial, tem a cronologia, tem o conteúdo das caixas negras, etc. Portanto, cada um interpreta como entender, mas os factos estão lá relatados.
E não estou a ver o que é que o Milhazes pode acrescentar com a sua especulação sobre "as relações Sovieto-Moçambicanas". Não tem nada a ver com os criminosos do apartheid que assassinaram Samora Machel. Excepto, na perspectiva longinqua de que Machel evoluiu para simpatizante Maoista, distanciando-se do revisionismo de partilha entre superpotências praticada então pel URSS. Mas essa não pode ser de modo algum a causa principal
Okay, já partilho do seu ponto de vista, vou tentar reler o dito livro vinte anos depois com muita atenção. Na altura quando o li de ponta a ponta ainda não havia Internet e eu ainda não estava muito (pouco) a par sobre este tipo de conspirações.
Sobre a minha terra sei o que muitos não sabem ou outros se esqueceram!
Ainda vou ter que adquirir o livro do milhazes, raios, para fazer comparações.
Agradecido pela sua explicação.
mal empregado dinheiro, comprar o Milhazes
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