Entretanto, a somar à emissão de 1,4 mil milhões de euros em novas acções do moribundo BES autorizada pelo regulador Carlos Tavares, da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, cujo valor social se volatilizou em dois dias... e depois do Banco Central Europeu ter fechado a torneira da liquidez e ainda antes da decisão do resgate com dinheiro do Estado, o Banco de Portugal emprestou 3.500 milhões ao BES... precisamente o mesmo valor que o BES havia declarado de prejuizo no exercicio anterior.... (fonte)
“Banco Espirito Santo, a história Angolana”, segunda parte do artigo publicado na Revista Forbes
O Banco Nacional de Angola (BNA), na sua qualidade de Banco Central funciona como emissor de moeda (irrelevante e condicionada pelos créditos e obrigações internacionais), pode optar por levar mais tempo para tomar medidas sobre o BESA. Mas o resultado deve realmente ser o mesmo que o que se passa no BES em Portugal. Os bons empréstimos vão formar o núcleo do banco reestruturado; os maus acabarão por ser liquidados e vendidos. Se o o dinheiro dos contribuintes tiver de recapitalizar o banco, que acontecerá aos accionistas existentes? O ideal seria que os investimentos dos actuais accionistas fossem completamente destruídos, deixando ao sector público a injecção de novos capitais como um prelúdio para vender o banco de volta para o sector privado. Mas não é assim que funciona em Angola. É improvável que alguém vá permitir que os accionistas angolanos existentes possam ser apagados – das mais variadas formas, eles são o "sector público".
Angola é um Estado de partido único da linha a imitar o comunismo herdado do capitalismo de Estado da ex-URSS - o Estado é dono de tudo, ou melhor -, na verdade – são os indivíduos dominantes no aparelho de Estado quem zela pelo nepotismo do aparelho de Estado . Então, praticamente tudo em Angola é de propriedade directa ou indirectamente da camarilha presidencial - a família dos Santos, o vice-presidente Manuel Vicente, o chefe do serviço de informações militar o general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior (que dá pelo apelido de Kopelipa) e o general Leopoldino Fragoso do Nascimento, mais conhecido como Dino – o BESA não é excepção a este regime. Este gráfico indica a extensão e complexidade dos interesses comerciais de Isabel dos Santos (de www cabinda.net.):
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Outros colunistas da Forbes têm feito investigação considerável sobre os interesses das empresas de Isabel dos Santos, por isso não é necessário entrar em mais detalhes aqui. Basta dizer que ela possui participações directas ou indirectas em muitos dos bancos de Angola e importantes e controversas ligações com a indústria de diamantes de Angola. Tem também vários outros investimentos angolanos, incluindo uma participação na empresa petrolífera estatal Sonangol - a empresa que adquiriu a Escom da holding do BES-Rioforte em 2011, mas que nunca foi totalmente paga: o montante não pago está na contabilidade do BES (agora no "banco ruim"), contabilizado como prejuizo do famoso crédito de 4,2 mil milhões concedido pelo BESA mas cujo rasto se desconhece.
o BES é uma pequena parte da rede |
Como é que a camarilha Presidencial chegou a proprietária do BESA? Bem, não é exactamente claro. Em Dezembro de 2009, o BES vendeu uma participação de 24% no BESA à “Portmill Investimentos e Telecomunicações de Angola” - a Portmill foi originalmente de propriedade do triunvirato, mas em Junho de 2009, eles tinham vendido as suas participações ao tenente-coronel Leonardo Lidinikeni, director da equipe de segurança do presidente e um subordinado directo de Kopelipa. Como Lidinikeni arranjou o dinheiro para fazer esta jogada é uma questão de conjectura...
... sendo certo que foi Ricardo Espirito Santo Salgado quem intermediou a transação: Rafael Marques sugere que o BESA pode ter-lhe concedido um empréstimo, seja directamente a ele ou ao triunvirato. Se assim foi, então a sua propriedade é fraudulenta. Mas, mesmo que a sua propriedade tenha sido legitimamente financiada por outras fontes, é difícil acreditar que o triunvirato não reteve o controle efectivo, provavelmente por obrigações de dívida não reveladas. A propriedade nominal pode estar em nome de Lidinikeni, mas a posse desse activo beneficia certamente o triunvirato. Mais de 19% do BESA é de propriedade do Grupo Geni, onde alegadamente a filha do presidente Isabel dos Santos é proprietária de uma parte. Ela nega possuir acções na Geni, mas isso não significa necessariamente que ela não detenha o seu controlo: Isabel dos Santos é conhecida por usar os seus familiares e colaboradores mais próximos para disfarçar o seu envolvimento pessoal em algumas de suas empresas. Novamente, foi o BES quem lhe concedeu o capital para o jogo, embora isso remonte a meados de 2004. Assim, 43% do BESA podem ser de propriedade ou controlados pela camarilha presidencial. Acabar com a participação de um Banco Português no BESA é uma coisa. Mas acabar com as participações da camarilha presidencial é outra coisa completamente diferente”. Os interesses da camarilha presidencial em BESA provavelmente serão protegidos. E os seus empréstimos também. Será que alguém realmente acha que aos "conselheiros" nomeados para promover a auditoria ao BESA será permitido rasgar a rede incestuosa dos empréstimos políticos e investimentos que unem não só o sistema bancário angolano, mas todos as suas grandes indústrias? Dificilmente. Os créditos concedidos vão sobreviver, assim como os bens adquiridos pelos seus proprietários. Será o povo angolano, por mais chocantemente pobre que seja, quem vai pagar os prejuizos.
foi vc que falou em ministros, governo e oposição? |
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