Falando da produção de bens materiais em concreto, países como a Alemanha, Noruega e Arábia Saudita são tradicionalmente vistos como "moralmente superiores" aos países endividados pelos seus excedentes de capital acumulado que podem disponibilizar como crédito.
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Qual será então o dilema entre pagar tudo como o governo Cavaco/Coelho pretende, não pagar roubos, ou "reestruturar" (adiar por décadas) o pagamento por forma a que o povo não perceba que está a ser roubado?
Um caso-a-estudar é o que acontece com a Argentina. Na crise de 2001 o país por impossibilidade de pagamento declarou bancarrota, propondo uma "reestruturação" com o perdão parcial da dívida pelos credores. A maioria, entre receber pouco ou nada do endividamento que haviam forçado, aceitaram. Outros com a ganância de ganhar tudo não aceitaram e recorreram aos tribunais muito convenientemente norte-americanos. Passada mais de uma década de contencioso um juiz nova-iorquino acaba de condenar a Argentina a pagar integralmente essa dívida com juros de mora. Trata-se do mesmo sistema bancos-tribunais onde a Argentina deposita o dinheiro para ir pagando as prestações da reestruturação - o mesmo sistema que pode agora penhorar todo o dinheiro ali depositado pela Argentina. O imbróglio é que os primeiros credores que aceitaram perder parte do valor em dívida, face a esta nova decisão do tribunal, querem agora igualmente receber por inteiro todo o valor da dívida que haviam perdoado.
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