Pondo de lado assobios, cruzar de pernas e voyeurismos sobre a vida privada de estrelas hollywoodescas, “Como Conquistar um Milionário” (1953) será a mais significativa representação da actriz Laureen Bacall, aliás, Betty Joan Perske, filha única de um casal de emigrantes judeus, William Perske nascido n Bielorrússia, (um parente de Shimon Peres que foi o 9º presidente de Israel até Julho de 2014), e de Natalie Weinstein Bacal, que nasceu na Roménia de antepassados alemães.
O sonho americano de qualquer jovem é caçar uma vida de luxo, só possível pagando-a com grossas maquias de dinheiro. Mas, numa sociedade que despreza uma condição feminina digna há outras maneiras. A fita de Jean Negulesco inicia-se com um travelling sobre o desmesurado imobiliário de New York (ainda sem as Torres Gémeas, que se haveriam de converter no simbolo da falência do crédito sobre esse mesmo imobiliário) parando na recepção do condominio fechado de Sutton Place. Aí entra Bacall, uma das três modelos que vendem beleza (as outras duas são Marylin Monroe e Betty Grable) de posse de todos os recursos em dinheiro do grupo para alugar uma luxuosa penthouse em Manhattan como rampa de lançamento de um estratagema para atrair como vítimas homens ricos com chorudas contas no banco. Mas os planos de encontrar as milionárias minas de ouro desabam quando duas delas se apaixonam por homens que parecem ser pobres.
O script, original da comédia de Nunnally Johnson estreada em teatro na Broadway, prossegue com cada uma delas tentando impedir que as outras se casem com o homem errado. A mensagem perversa acaba por ser a do trio feminino descobrir que um homem rico realmente não presta para nada, a menos que ela esteja apaixonada por ele. Leva um certo tempo, mas cada uma acaba por concluir que o amor é mais importante do que bens materiais. Por acaso…
O filme capta a mentalidade de uma época em que as identidades das mulheres se baseiam nos homens com quem se casaram. Dá para rir, mas grande parte do humor aparece hoje datado, embora a sua visão sobre a política sexual ocasionalmente permaneça aguda.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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