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quinta-feira, janeiro 31, 2008

A grande corrida dos gloriosos candidatos ao mandato Imperial Sionista (II)

os republicanos
sobre as prática politicas mentirosas apoiadas na falsa percepção esquerda-direita

Para que se possa aquilatar da bondade e justeza da democracia americana podem-se seleccionar alguns pequenos episódios lapidares no exemplo de exclusão de candidatos portadores de mensagens inconvenientes.
Rudy Giuliani, um notório pró-nazi defensor da politica Sionista, esperou para apostar toda a candidatura na Flórida. E porquê? porque esse Estado é o ponto fulcral de todas as fraudes eleitorais, junto com o Texas, o ninho primordial dos chamados"dixiecrats" racistas, segregacionistas, ultraconservadores e populistas: Ann Coulter, a mediática chefe de fila do think-thank neocon responde actualmente pelo facto de se ter inscrito como residente nessa circunscisão em 2004, quando efectivamente nunca deixou de residir em em Nova Iorque. Este facto é punivel por lei (com pena até 5 anos de cadeia); quantos neocons usando este subterfúgio não iludiram deliberadamente as comissões de voto falsificando a verdade na reeleição de Bush?

Por contraste, nestas eleições Dennis Kucinich foi excluido dos debates realizados num pavilhão público no Iowa; a razão invocada foi a de que não teria direito a alugar o respectivo espaço (sim, nos EUA é tudo pago ao milimetro) porque o “sponsor” do evento (no caso um jornal local) entendeu e declarou que “todas as pessoas que trabalhem fora da sua área de residência não obedecem aos critérios de selecção exigiveis para campanhas com sedes e pessoal empregue a tempo inteiro no Iowa
Ainda assim, depois dos causcus, Kucinich desconfiou dos resultados e requereu (para o que teve de pagar 2000 dólares adiantados) a recontagem manual dos votos das máquinas electrónicas usadas. As habituais fraudes com as máquinas de voto electrónico Diebold continuam a suscitar grandes desconfianças:

Hillary Clinton, a principal recolectora de contributos da indústria armamentista (ou seja a melhor candidata pelo Partido Republicano), teria realmente ganho as primárias no New Hamspire?
Mike Huckabee resolveu chocar o eleitorado com uma frase demagógica: “sou o único candidato que não tem contas off-shore”. Mas a questão essencial não é essa, porque toda a gente sabe que a importância das candidaturas se obtem pela quantidade de dinheiro angariado e os grandes contributos financeiros para as campanhas provêm das multinacionais,,, que operam justamente através dos off-shores.

Ron Paul, um libertário de direita que se filiou nos Republicanos para conseguir visibilidade, atreveu-se a colocar, num debate televisivo, a questão de forma correcta e a quem de direito, a Ben Bernanke o poderoso chefe da Reserva Federal Americana, inquirindo: “que legitimidade assiste ao FED para se imprimir dinheiro novo e em que é que se baseiam esses valores criados?”
Os resultados práticos destes episódios são que tanto Dennis Kucinich como Ron Paul foram lapidarmente excluidos da visibilidade mediática; para Lou Dobbs que opera o maior show eleitoral, numa das cadeias mais importantes da gringolandia e do mundo, estes dois candidatos pura e simplesmente há muito que deixaram de existir. Para as tendenciosas sondagens que apelam aos telespectadores da CNN só existem 6 candidatos.

Os outros dois candidates são censurados. E porquê? Porque têm ideias perigosas.
A Kucinich deram-lhe a chance de participar nalguns debates, mas a breve trecho o despediram borda fora. Pouca ou nenhuma cobertura lhes é dada, nem sequer aparecem nos subtitulos em rodapé. Porquê? Se ouvissem o que eles têm para dizer escutariam que eles são os únicos que votam contra as emendas ao “Acto Patriótico”, que são a favor da representatividade dos Sindicatos, que são contra a “nova ordem mundial” dos tratados de comércio (como o NAFTA), que são contra as intervenções militares no estrangeiro e os únicos que apelam à imediata destituição de Bush. Por outras palavras, são personalidades que representam de facto os cidadãos norte-americanos, não as corporações ou os criminosos governos de classe que defendem a oligarquia.
Inclusivamente, Ron Paul fez história quando em 16 de Dezembro, numa jornada de recolha de fundos através da internet cometeu a proeza de recolher 6 milhões de dólares de milhares de cidadãos anónimos (e não de interesses corporativos ou do big business) a maior verba alguma vez recolhida por um candidato num único dia
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quarta-feira, janeiro 30, 2008

a Condição Humana

















Novos ministros para as mesmas politicas. Sócrates diz que compreende as pessoas, quando elas também o compreenderam a ele: Correia de Campos veio para destruir o que existia, para abrir caminho ao mercado. A nova ministra vem para apanhar os cacos do ServiçoNacional deSaúde e tentar pôr alguma ordem na entrada dos privados no negócio.

Saúde global

número de habitantes por médico no mundo
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"Rodrigo morreu às 9,40 de sexta feira, dia 18, na rua, frente ao Hospital de Anadia (...) Há, em toda esta história o compasso dos atrasos, o assomo aflito de quem deseja ajudar; o pasmo, que é a secreta insígnia de quem se sente impotente para enfrentar a absurda autoridade do mal, e a trágica evidência do infame momento. O pai do Rodrigo não acusa ninguém, leio no DN. Talvez atribua à má sorte a morte espantosa do seu bebé (...) e se, no jogo dos Acasos, no instante supremo, no instante pequeno, redondo e urgente, a mão da ciência, o auxílio preciso, o diagnóstico vigilante estivessem onde deviam estar?"
Uma voz grave na televisão leu, com o ruído da contestação popular em pano de fundo: "no Seixal há 50 mil habitantes que não têm médico de família"

Baptista-Bastos hoje voltou a ouvir a voz na televisão: "preparava-me, pois, para comover os leitores da minha geração (...) eis senão quando uma voz na televisão, lá dentro, atraiu a minha malvada curiosidade e desviou-me do saudoso intento. Que dizia a voz, assim tão importante, que sobrelevava as instâncias dos meus impulsos de autor de imprensa? Era um homem. E fazia troça cruel de quem dele desacordava: de sindicatos, de jornalistas, de comentadores, de todos os partidos que não o seu, mas também de alguns daqueles, iguais comungantes, em atrito com o que ele fazia. Não percebi muito bem onde o homem falava: congresso, reunião, assembleia, igreja? Sei que o homem estava a deixar-nos para trás; e não há nada mais penoso do que sermos deixados para trás. O homem na televisão era somente voz: voz que apenas a si mesmo ouvia; voz inevitável para ela própria; voz impessoal, velha, fatigada como uma solenidade, inconvicta, em pleno processo de desumanização. O homem falava para se ouvir. Falava; não estava a dizer nada. Elogiava-se e ao Governo que dirigia. Na Saúde, na Justiça, na Economia, na Cultura, no Emprego, na Educação, nas Obras Públicas, tudo deslizava, com suavidade, para o irreversível ponto de exclamação que será a sociedade próspera e abundante. O absurdo atingia a dimensão da inconsciência abjecta"

Vivemos numa sociedade complexa e dividida. Somos divididos pelos rendimentos, pela educação que se pode pagar, e agora pela saúde, pelo nível de habitação, raça, género, etnia, religião. O governo Cavaquista de Sócrates, perseguindo com frieza os objectivos economicistas determinados pelas regras do Acordo Geral de Comércio e Serviços (vulgo "Novo Tratado Europeu") está a conseguir colocar os portugueses ao nível da África sub-sahariana.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Voos da CIA & Bloco Central, Lda

Indignação e Repúdio pelos factos ocorridos entre 2002 e 2006?

"a Reprieve, uma organização não-governamental criada por advogados, em 1999, para prestar representação legal a presos, divulgou hoje um relatório em que afirma ficar «claramente demonstrado» que o governo português teve «um papel de apoio de relevo» no transporte ilegal de 728 dos 774 suspeitos de terrorismo para o campo de detenção da base norte-americana de Guantanamo". (fonte)
“Manifestamos a nossa rejeição e também a nossa indignação (...) tendo em conta que o governo português prestou todas as informações de que dispunha, com toda a transparência (…) Naturalmente, repudiamos as conclusões a que esse relatório chega".
Assim falou o Secretário de Estado dos Assuntos Europeus sobre o relatório de ontem da Ong “Reprieve” intitulado: “Jornada para a Morte – Mais de 700 prisioneiros ilegalmente transportados para Guantanamo com a ajuda de Portugal” (via Jangada de Pedra).
Para a total compreensão dos factos (com os quais também antes já se tinha indignado um ex-ministro da área do desporto do PS) é preciso compreender quem se indigna agora com a verdade, qual o seu percurso e que interesses serve a ilustre personagem; a saber de seu currículo:
Manuel Lobo Antunes, nascido em 1958, casado, 5 filhos, licenciado pela Universidade Católica, seguiu a carreira diplomática, nomeado assessor por Guterres e representante do governo à “Convenção sobre o Futuro da Europa”. Para introduzir emendas ao projecto de Constituição em 2003 formou dupla com Ernâni Lopes (1) professor licenciado em 1982 pela Universidade Católica, próximo (mas não assumidamente) da Opus Dei e de imediato nomeado Ministro das Finanças no governo de Mário Soares - o que celebrou o acordo de Portugal com o FMI em 1983. (Em 2002 Ernâni Lopes manifestou preferência pelo PSD e pelo seu lider Durão Barroso para evitar mais derrapagens económicas e que o país entrasse em crise). Com a chegada do Governo de José Sócrates, Manuel Lobo Antunes foi nomeado secretário de Estado das Pescas, depois Secretário de Estado da Defesa (and Military Affairs, como lhe costuma acrescentar o léxico anglófono) e finalmente, transitou com Luís Amado (um notório defensor da guerra contra o Iraque) para o Ministério dos Negócios Estrangeiros como Secretário de Estado dos Assuntos Europeus (órgão de apoio à condenável politica Sionista global dos EUA)

(1) Ernâni Lopes integrou o convénio da Opus DeiA Tarefa dos Cristãos na Construção Europeia” e é autor do livro “Em busca da Globalização Feliz
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segunda-feira, janeiro 28, 2008

Cães de guerra

O cidadão comum anda embrenhado em digerir o carnaval das eleições americanas (e o nosso, importado directamente, também já não vem longe, falta pouco mais de um ano e os sintomas da farsa, em que só o Ps e o PSD é que se divertem, já se notam) enquanto a nossa maior preocupação deveria ser a de compreender porquê a crise do défice comercial (até aqui resolvido pela criação financeira de notas de dólar falsas) é presentemente o maior repto à incorrectamente chamada “democracia americana” que despreza as minorias e o senso comum da grande maioria da população e pretende criminalizar quem não se deixe alinhar pelo pensamento único.

O novo documentário de Chalmers Johnson “Acerca da Hegemonia Americana” numa série de episódios intitulados “Falando Livremente” (Speaking Freely) foca e lança a discussão (ver video) sobre o militarismo keynesiano e a bancarrota do Império:

Longe dos palcos mediáticos, “durante o próximo mês, o Pentágono apresentará ao Congresso a sua proposta de orçamento para 2009 (com os “democratas”) que desde já se aposta será maior que o exorbitante orçamento de 2008 (com os republicanos). Como o Exército e os Marines, o próprio Pentágono tem mais obrigações que recursos e estão todos sobre pressão – e como aos serviços que se prevê sejam chamados a prestar, se somarão as despesas de mais 92.000 soldados a recrutar durante os próximos cinco anos (com um custo estimado de 1.200 milhões por cada 10 mil recrutas) a reacção do Pentágono não pode (apesar da chamada crise financeira que corta em tudo que é serviço público) pedir a redução de despesas - ao contrário, como o que se pede é a expansão, pedirá sempre mais dinheiro. É um facto que as desastrosas guerras contra os afegãos e iraquianos continuarão a engolir dólares directamente do contribuinte (sejam eles de esquerda ou de direita) na medida em que nenhum dos candidatos em posição elegivel é contra a guerra. Neste contexto dá que pensar aquilo que os entusiastas da civilização ocidental gostam de chamar “a próxima guerra”, quer dizer, armas cada vez mais dispendiosas, a profusão de aviões ultra sofisticados, barcos e blindados para o futuro, não esquecendo os sitemas tecnológicos de “guerra em redeao estilo de Rumsfeld, os muito populares robots, aviões teleguiados, satélites de comunicação e obstrução radioeléctrica, bombas assassinas inter-espaciais em desenvolvimento, equipamentos e homens arruinados que é preciso substituir, etc.
O secretário da Defesa Robert Gates já disse (não dizendo, mas fazendo-o subentender) que as verbas de financiamento para 2009 foram fixadas em grande parte pelas gigantescas coligações militares- industriais: Lockheed Martin, Northrop Grumman, Boeing, Raytheon – são empresas que têm visto aumentar o valor das acções; para elas os tempos de paz são tempos traiçoeiros; mas agora têm cada vez mais esperança no futuro. Como assinalava Ronald Sugar, presidente da Northrop: “Uma grande potência global como os EUA necessita de uma grande armada, e uma grande armada necessita de uma quantidade adequada de barcos, que devem ser modernos e os mais capazes” – e adivinhe-se ¿ que companhia é a maior construtora de barcos para os Marines?
Os contratos e a subcontratação para a indústria bélica, cuidadosamente distribuidos por tantos Estados quantos sejam possiveis, significam postos de trabalho – e por isso no Congresso quarenta e cinco membros da Câmara advertiram para uma “enérgica reacção negativa” caso o projecto dos C-17 não fosse aprovado. Semelhantes gastos não são só obscenos de um ponto de vista moral, são também e sobretudo insustentáveis sob o ponto de vista fiscal. O problema que volta a ser posto, depois da economia Enron que financiou a subida ao poder de Bush, é como vão os EUA financiar as confabulações de guerras imperialistas de dominação global. Talvez convertendo-se numa espécie de casa de penhores bélicos – quem quiser brinquedos sofisticados de 30 milhões de dólares cada para andar a espatifar aí pelos cantos sem que se saiba propriamente com que finalidade senão a de sustentar as Oligarquia militares nacionais (e respectiva pléiade de serventuários politicos) tem de hipotecar as suas economias na casa de prego Washington Corp.

EUA, bora prá bancarrota!

Nada disto é surpreendente para aqueles que leram o livro de Chalmers Johnson publicado em 2007 “Némesis” (Os Últimos Dias da República Norte-Americana) que já é um clássico sobre o excesso de obrigações e os recursos limitados do Império – tanto mais oportuno quando apareceu no preciso momento em que se desmoronam os mercados bolsistas globais.
A dívida acumulada pelo Governo Federal não ascendeu a mais de 1 bilião até 1981. Quando George Bush chegou a presidente em Janeiro de 2001 era de 5,7 biliões. Desde então aumentou cerca de 45 por cento. Esta dívida enorme pode ser explicada em parte pelos gastos militares em comparação como o resto do mundo. Os dez principais orçamento militares, segundo o Slate.org são:

1. EUA: 623.000 milhões de dólares (2008)
2. China: 65.000 milhões (2004)
3. Rússia: 50.000
4. França: 45.000 (2005)
5. Japão: 41.750 (2007)
6. Alemanha: 35.100 (2007)
7. Itália: 28.200 (2003)
8. Coreia do Sul: 21.100
9. Índia: 19.000 (2005)
10. Arábia Saudita: 18.000 (2005)

Gastos militares totais no mundo (2004): 1.100.000 milhões de dólares
Gastos totais do mundo, exceptuando os EUA: 500.000 milhões de dólares

Porém há muito mais. Com a intenção de disfarçar a verdadeira dimensão do império militar norte- americano, o governo tem ocultado já há muito tempo gastos importantes relacionados com as forças armadas noutros departamentos fora da Defesa.
Por exemplo, 23.400 milhões de dólares destinados ao Departamento de Energia vão directamente para o desenvolvimento e manutenção de ogivas nucleares; e 25.300 milhões adstrictos ao Departamento de Estado são gastos em ajuda militar ao estrangeiro, sobretudo para Israel, Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait, Oman, Qatar, Emiratos Árabes Unidos, Egipto e Paquistão.
Não vale a pena dissecar e analisar estas cifras sem uma advertência. As verbas publicadas pelo Serviço de Referência do Congresso e o Departamento do Orçamento do mesmo Congresso não coincidem umas com as outras. Robert Higgs, membro sénior responsável pela economia politica do Independent Institute diz: “um princípio bem fundamentado é pegar no Orçamento básico do Pentágono (sempre bem explicitado) e duplicá-lo. Incluindo, uma leitura ligeira de artigos publicados na imprensa sobre o Departamento de Defesa mostrará importantes diferenças estatisticas sobre os seus gastos. Entre 30 a 40 por cento do orçamento é “negro”, o que quer dizer que essas secções contêm gastos ocultos para projectos confidenciais. Não existe maneira possivel de saber o que incluem e se os seus montantes são exactos.
Por exemplo, visto do depauperado Portugal, haverá maneira de se saber com quanto contribui o governo português, oficial ou encapotadamente para o orçamento de guerra do Império?, (aliás, para engordar a carteira de clientes das supracitadas empresas do complexo político- militar)
Quem pagou pagou, e a partir de agora a intenção é pôr tudo a zeros, para que as vítimas dos governos possam continuar a pagar.


sábado, janeiro 26, 2008

The Magnificent Ambersons

Creativity is allowing yourself to make mistakes. Art is knowing which ones to keep
Scott Adams, in “O princípio de Dilbert”

1942. Orson Welles filma a mudança de paradigma no final do século XIX, quando o Poder, lenta mas inexo- ravelmente, desliza do fausto da Aristocracia assente sobre a posse da terra para a emergente civilização industrial onde desponta o automóvel (e uma nova forma de acumulação capitalista) como factor chave para a transformação da sociedade.
Nunca como em “Os Magníficos Ambersons” a mise-en scéne de Welles atingiu um tal esplendor – quando encena os personagens em Xanadu, a sumptuosa casa da familia Amberson, construida sobre as terras indígenas, onde é hoje Manhattan, comprada pelos judeus holandeses da diáspora que partiu do Recife à tribo do índio Vendonah que, conta a lenda, por ter um feitio irrascivel foi atado pelos seus a uma piroga e lançado mar adentro para não mais voltar.
(Abre-se aqui um parêntesis: nós, os também expulsos índios da meia praia, que só dispomos da piroseira da vivenda Mariani como termo de comparação, jamais poderemos compreender tal sentimento de perda das virtudes da natureza; tanto mais quando o capitalismo tardio nunca aqui produziu nada de que possamos ter particular orgulho ou inveja, excepto os dias de sol); de volta à City:
O herdeiro dos Ambersons, George Amberson Minafer, e todos os personagens que numa dimensão trágica gravitam em redor da opulência da falida Xanadu na verdade não são protagonistas, mas sim meros joguetes de realidades que os ultrapassam completamente. O verdadeiro protagonista é a voz do narrador invisível, que nunca aparece no filme, o único pelo seu ponto privilegiado de visão a conhecer toda a história. O que escreve no genérico final: “and my name is Orson Welles



Uma coisa nunca é apenas aquilo que vemos. É também, e sobretudo, o seu significado.

The Magnificent Ambersons” (que entre nós levou o ridiculo título de “o 4º Mandamento”) foi censurado. À cópia original faltam-lhe 17 minutos que nunca foram vistos. Welles foi despedido da RKO. Foram filmadas e acrescentadas por terceiros várias sequências e a montagem foi largamente modificada por forma a que a história tivesse um final mais ou menos feliz. Exibido esta semana na Cinemateca, apesar das amputações, segundo Bénard da Costa existe uma corrente crítica (desde 1959 Astrud Gilberto que conheceu Welles na sua incursão brasileira) a sustentar que a história dos Ambersons é um filme melhor que “Citizen Kane” (a história do magnata da Imprensa) celebrado como o melhor filme de sempre. Ao filme “demasiado perfeito” (Kane) opõe-se esta “sinfonia incompleta” (ou completada pela manipulação mentirosa, da pior maneira).



Para meditar, quando o Homem, no fim da estrada da civilização do automóvel e do veloz fausto da especulação bolsista, se vê novamente confrontado com outra mudança de paradigma. Pela primeira vez na história da humanidade se exige um Decrescimento, e isto pode muito bem ser o fim do Capitalismo.

O ponto mais notável do filme acontece quando o inventor e fabricante de carros Morgan (Joseph Cotten) dá a resposta a George Minafer (Tim Holte) quando este, ciente que a nova civilização é a causa próxima da ruína da sua sociedade aristocrática, lhe diz que “os automóveis nunca deveriam ter sido inventados”. Repare-se, estamos em 1942. Morgan responde:
“Não tenho a certeza Georgie que os automóveis estejam errados. Com todas as maiores velocidades que conseguimos provavelmente eles podem vir a ser um passo atrás na civilização. Talvez eles não acrescentem beleza ao mundo ou alimentem a vida saudável à alma humana. Não tenho a certeza. Mas os automóveis estão aí, e quase tudo, quase todas as coisas, irão ser diferentes por causa do que eles nos trazem. Podem servir para causas de paz, podem servir para causas que criam guerra. Eu penso que a mente humana irá ser modificada por via dos caminhos do automóvel. E pode ser que seja para o caminho certo Georg. Talvez dentro de 10 ou 20 anos, se pudermos ver a mudança de mentalidades nos homens, por essa altura eu esteja habilitado a defender o motor a gasolina, e então George, terei de concordar contigo: que os automóveis não são um negócio que devesse ter sido inventado


Continuando a falar de Cinema, Petróleo, Homens, mudanças de Paradigma civilizacional e esse tipo de coisas, o filme de Paul Thomas Anderson “Haverá Sangue”, de que já se falou aqui, com Daniel Day-Lewis como protagonista, é o principal candidato a ser lavado com o banho de ouro dos óscares de hollywood.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Marinho Pinto = Serviço Público

Bastonário da Ordem dos advogados denunciou existência de corrupção no Estado (ver aqui)
Procurador-geral ordena inquérito às declarações de Marinho Pinto (ver aqui)
Vou pedir a suspensão da nova Lei do Apoio Judiciário, alegando que desrespeita não só os juristas como os cidadãos carenciados” (ver aqui)

Bastionário dos Advogados: um Provedor da Cidadania

CML

"O grande beneficiado foi a empresa Bragaparques, que deixou de pagar mais de nove milhões em taxas municipais. Também não pagou 1,1 milhão por ter ilegalmente exercido o direito de preferência na hasta pública da permuta de terrenos, enquanto Lisboa abriu mão de 31 milhões em indemnizações, pagas à fundação “O Século” e aos feirantes da Feira Popular. As acusações são do Ministério Público, que, no despacho ontem entregue ao ex-presidente da Câmara Carmona Rodrigues e aos ex-vereadores Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão, considera que aqueles agiram de forma consciente". Contudo acusar apenas 3 fulanos a titulo individual não faz sentido. Eles pertenceram como subalternos a uma máquina administrativa. Que Presidente accionou o negócio? e a que Partido pertencia? e porque continua um indiciado num crime de corrupção em funções? - para defender os interesses da entidade corruptora? e porquê o outro, o produto genuino, se escapou incólume para o Parlamento?
ver: Cronologia da Crise na Câmara

uma no cravo
depois da casa roubada, não se responsabilizam os prevaricadores - corre-se atrás dos prejuizos

outra na ferradura
outra empresa de futebol a quem lhe foi facultado usufruir de bens que lhe haviam sido concedidos enquanto "associação desportiva de utilidade pública" - para agora os poder utilizar livremente na especulação imobiliária

actualização: uma luz ao fundo do Túnel - o Ministério Público desconfia que Carmona tivesse assinado o direito de preferência na ausência de Santana Lopes


clique no recorte para ampliar
43,6 milhões de euros foi a valorização do Parque Mayer conseguida em seis anos pela empresa Bragaparques (ler mais)
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quarta-feira, janeiro 23, 2008

A Impostura Pós-Marxista

¿Será a "sociedade do Conhecimento" a solução para os baixos salários?
- A desregulamentação dos mercados de trabalho, postulada por Anthony Giddens, uma fotocópia dos boys de Chicago, (teólogo da 3ª via “socialista” de Tony Blair, quem não se lembra dele?), pelo contrário, está a contribuir para a manutenção dos baixos salários através do debilitamento do papel do Trabalho e dos Sindicatos.

Na sua análise da sociedade contemporânea António Negri sustenta uma visão refinada e erudita, “savant”, no dizer de Michel Husson (1), da tese do “fim do trabalho” popularizada com diferentes matizes por Jeremy Rifkin, Dominique Meda, Vivianne Forrester, André Gorz e a escola italiana dos teóricos da “intelectualidade das massas”, entre outros. Esta tese, que encontrou renovado eco na última década, pretende dar conta de uma suposta perda da “centralidade do trabalho” (com o desemprego de massas como uma de suas manifestações principais; quando de facto é o Trabalho que se deslocaliza para zonas de mais baixa remuneração) como conseqüência inevitável da passagem da “sociedade industrial” (o modo de produção Fordista) à erradamente chamada de “sociedade pós-industrial” (quando de facto a Indústria é subcontratada em regime de outsourcing em zonas de mais baixo custo). Nesta “sociedade pós-industrial, os avanços tecnológicos produziriam um salto na produtividade de bens materiais que a substituição progressiva do “trabalho vivo” pelo “trabalho morto”, de assalariados por máquinas (robôs e computadores, e entre eles o próprio Homem), se tornaria, em crescimento exponencial, uma tendência irreversível. A aplicação dos métodos “toyotistas” (subcontratação em outsourcing e assemblagem) na organização do trabalho (2) seriam, por sua vez, também produto dos avanços tecnológicos e da incorporação por parte do Capital das aspirações postas a nu pelo proletariado na “revolta contra o trabalho de Maio68”, que teve um efeito perverso: redundou no crescimento das funções de controlo e gestão do trabalhador em detrimento da Produção para satisfazer fins sociais. “Sociedade pós-industrial”, seria pois sinónimo da mutação das condições gerais do capitalismo na hegemonia do “trabalho imaterial” e “capitalismo cognitivo” (3). Segundo esta tese, nesta nova situação do capitalismo (cujos teóricos às vezes denominam como “pós-capitalista”) a actividade cognitiva advém do factor essencial de criação de valor, calculando-se este em grande parte fora dos lugares e do tempo de trabalho. O Conhecimento (quando o que vemos na prática é a politica selectiva, classista e privatizada de Ensino neoliberal) transformar-se-ia n“um factor de produção tão necessário como o Trabalho e o Capital, e a valorização deste factor intermediário obedeceria a leis muito particulares, a tal ponto que o “capitalismo cognitivo” (4) funcionaria de maneira diferente do capitalismo ‘comum’”, tendo como conseqüência que a “teoria do valor” já não poderia dar conta da transformação do conhecimento em Valor. O trabalhador já não necessitaria mais “dos instrumentos de trabalho" (ou seja, do Capital Fixo) que são postos à sua disposição pelo Capital. O “capital fixo” mais importante, aquele que determina as diferenças de produtividade, encontrar-se-ia no cérebro dos seres que trabalham: é a máquina útil que cada um de nós carrega em si. É esta a novidade absolutamente essencial da vida produtiva de hoje”. Esta tese apresenta um conjunto de unilateralidades que turvam a compreensão das condições contemporâneas do capitalismo e da luta de classes.

Esta visão que apresenta um desenvolvimento linear de uma situação de hiper-maturidade das forças produtivas é oposta à teoria que melhor dá conta das contradições do desenvolvimento histórico. Referimo-nos à teoria do “desenvolvimento desigual e combinado” originalmente formulada por Leon Trotsky para dar conta das peculiaridades que tornaram possível o triunfo da revolução proletária num país de desenvolvimento capitalista atrasado como a Rússia, sem que nos paises mais avançados e industrializados da Europa Ocidental a revolução advogada pelo Marxismo triunfasse: “As leis da história não têm nada de comum com o esquematismo epistemológico pedante" (5). O desenvolvimento desigual, que é a lei mais geral do processo histórico, não se revela, em parte alguma, com a evidência e a complexidade com que se torna patente o destino dos países atrasados. Açoitados pelo chicote das necessidades materiais e da subjugação ao sistema financeiro global, os países atrasados vêem-se obrigados a avançar através de saltos qualitativos, e apenas quando isso é (ou foi) possivel. Desta lei universal do desenvolvimento desigual (incluindo a componente cultural) deriva-se para outra que, na falta de nome mais adequado, qualificaremos de lei do desenvolvimento combinado, aludindo à aproximação das distintas etapas do caminho e à confluência de fases distintas, numa amálgama de formas arcaicas e modernas. Sem que se tenha em consideração esta lei, inserida, naturalmente, na integridade do seu conteúdo material, seria impossível compreender a história da Rússia ou a de qualquer outro país de avanço cultural atrasado, qualquer que seja seu grau” (4). Esta teoria ou “lei” é o ponto de partida fundamental, a partir do qual, ampliando o seu alcance, visa interpretar o desenvolvimento geral do capitalismo imperialista contemporâneo, fora das visões evolucionistas ou catastrofistas. Ao não partir desta visão dialética os erros unilaterais cometidos por Antonio Negri tornam-se inevitáveis.

(1) Adaptado de Claudia Cinatti (4ª Internacional)
(2) Antonio Negri, “Exílio” 1998
(3) Enzo Rullani, “O Capitalismo Cognitivo: Déjà Vu?”, Revista Multitudes nº 2
(4) Maurício Lazzarato e Antonio Negri, “Trabalho Imaterial e Subjetividade”, em “Futur Antérieur”, 1991
(5) Leon TrotskyHistoria de la Revolución Russa
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terça-feira, janeiro 22, 2008

o "Medo" lava mais branco

Sabem, digo eu com aquela voz arrastada meio obstrusa do estorvo da dentuça cravada no bolo-rei já bolorento de uma década, (his master voice) voz de quem parece que está sempre à rasca pra cagar:
"Portugueses é preciso que se distraiam das nossas verdadeiras preocupações. Confio em vocês"

o Vosso tanque General, é um carro forte
derruba uma floresta, esmaga cem Homens,
mas tem um defeito
- Precisa de um motorista
O vosso bombardeiro General,
é poderoso:
voa mais depressa que a tempestade
e transporta mais carga que um elefante
mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.
O homem, meu General, é muito útil:
sabe voar, e sabe matar
mas tem um defeito
- Sabe pensar

pssst! portugueses: lembrem-se que eu, (tal como vocês) estou morto, mas ainda assim tenho capacidade para vos enviar uma mochila vazia. Segundo o Paulo Bento, a situação é grave, mas não desesperada. Tal como ele, farto-me de jogar mas nunca ganho nada; porém, o meu lugar não está em causa. Uma última dica: tenham em atenção que eu sou apenas uma imagem distante do primeiro clone. Que ainda assim foi uma fraude monumental! em boa verdade vos digo, como a Maria, eu sou uma criação da CIA; sabiam que, numa gaffe idiota, me puseram a falar convosco fazendo-me usar um anel de ouro quando a religião muçulmana o proibe terminantemente? vá lá, não se riam,

Bush& Companhia, de quem o “nosso” governo é fiel aliado e fornecedor de carne para canhão, dizem que Bin Laden é responsável pelo 11 de Setembro. Mas se a teoria estivesse certa, depois destes anos todos, de centenas de biliões de dólares gastos, de centenas de milhares de mortos, porquê nunca foi apanhado e trazido à justiça? Este vídeo fresquinho, retirado da arca da memória, mostra bem a preocupação do presidente com a personagem, enquanto concentra todas as justificações na “guerra sem fim ao Terror” (war on terra!) Veja-se o que ele realmente pensa acerca da natureza da “organização Bin Laden”: “Não me ralo muito com isso. Não é uma das minhas pioridades



Um presidente que concorda em deixar o principal inimigo da Nação à solta devia ser acusado de traição e enforcado. É demasiado violento para Bush? Mas não foi a pena capital a politica que usou para punir sem piedade todos os condenados que se lhe atravessaram pela frente quando foi governador do Texas? Depois de ouvir estas declarações de Bush porque não foi ele imediatamente destituído? Porque se cala o Congresso e continua a facultar-lhe verbas astronómicas para financiar a guerra? Porque se calam os americanos perante a fraude depois de lhes mandarem a Constituição às urtigas em nome da paranóia securitária?
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segunda-feira, janeiro 21, 2008

Crise? qual crise? de quem é a Crise?

Apesar da maioria nada ter a ver com as causas da crise, os efeitos são para repartir e para pagar por todos, ao melhor estilo de uma espécie de neo-salazarismo, agora de raiz nacional-económica. As escassas notícias de hoje sobre a Bolsa, finalmente, são alarmantes. Porém, os poucos que o fizeram, esqueceram-se de dizer que hoje foi feriado nos EUA e as bolsas estiveram encerradas. Amanhã é que vai ser bom,,,

Segundo cálculos de peritos da “Tax Justice Network” somente os activos financeiros das grandes fortunas em paraisos fiscais representam 11,5 biliões de dólares.
A denominação desta realidade não é inóqua. Por um lado, a expressão “paraiso fiscal”, que foi a que criou estas fortunas, sugere uma contraposição inaceitável frente à ideia de “inferno fiscal” que está associada aos paises que mantêm um nivel de impostos que os governos democrátcos consideram necessários para financiar os serviços públicos e a protecção social que a cidadania local exige. Daí que a tolerância com os “paraísos fiscais” tenha uma clara conotação ideológica neoliberal, que amiúde se esconde nas notícias, comentários e relatórios sobre este assunto. Por outro lado, esta realidade é catalogada pelo Fundo Monetário Internacional como “Centros Financeiros Extra-Territoriais” (ou Off-Shores); quer dizer, jurisdisções com uma legislação específica pouco exigente que permite contas bancárias e operações financeiras de pessoas ou entidades não residentes a quem se permite ocultar a sua identificação real. Um sistema que permite todo um sector dos mercados globais de dinheiro regidos pelo princípio intocável da livre mobilidade decretada pela escola judaica de Milton Friedman com aplicação prática pela dupla Reagan-Tatcher.

A nova etapa de desenvolvimento do capitalismo mundial, que surge a partir da década de 1980 pode ser caracterizada como sendo a da ultrapassagem das fronteiras nacionais e da internacionalização sem regras do Capital. François Chesnais em “O que é a Mundialização do Capital" (1994) deu-nos uma denominação precisa para o fenómeno da "globalização". Na verdade, estamos diante de um novo regime de acumulação capitalista, um novo patamar do processo de “globalização” do Capital, enquanto o Trabalho, quando existe e em condições cada vez mais precárias, permanece violentamente regulado pelas legislações neo- corporativistas nacionais. Dito de outro modo, as pessoas que dependem do trabalho em troca de um salário, o proletariado, e os pequenos e micro produtores (que abrangem cerca de 70% do total das empresas no pouco cooperativo tecido empresarial português) são constrangidas ao espaço local e ferozmente taxadas, porque da extorsão destas receitas depende o pagamento dos parasitários “serviços” públicos e as remunerações sumptuárias da fauna pós-politica, enquanto à burguesia transnacional que opera agregada ao sistema financeiro global se abrem todas as possibilidades de evasão a qualquer espécie de controlo ou taxação fiscal.
Este novo período capitalista desenvolve-se em condições de profunda crise de superprodução (Neil Brenner, 1999) e é caracterizado por outros autores como sendo marcado pela "produção destrutiva" (Mészáros, 1997) ou ainda pela "acumulação flexível" (Harvey, 1993)


Os novos paraísos não são meros locais onde se efectuam depósitos bancários. São autênticos espaços económicos especializados em proporcionar um novo e específico tipo de cobertura a um novo e singular tipo de operações económicas e financeiras. Os paraisos fiscais são “nações” ou territórios que se organizam expressamente para servir de centros financeiros a não residentes e é para esse efeito que são moldados e caracterizados, fundamentalmente porque não estabelecem a cobrança de impostos sobre operações ali realizadas, ou só o fazem de forma simbólica. Além disso garantem completo segredo tudo o que se passa no seu interior; e não exigem que as sociedades ou empresas que ali operam tenham uma efectiva presença física. Casos paradigmáticos destas “estados geograficamente desterritorializados” que funcionam como Cidades-Estado são Singapura, os Emiratos Árabes ou as Zonas Económicas Especiais chinesas (cidades-Estado autónomas como p/e Hong-Kong, Shenzen, Taiwan e Macau).

Não existem praticamente Estados cujas politicas não tenham vínculos estatais com paraisos fiscais. Pelo que não se compreende muito bem as boquinhas e a técnica especial de representação facial de Vitor Constâncio quando respondia com olhos arregalados e cara de espantado às questões colocadas no Comissão parlamentar de inquérito à gestão fraudulenta do BCP – entidade privada de que agora o Estado português se apropriou com a finalidade de lhe branquear o défice, bem como usá-la para gerir o crónico passivo da burguesia nacional face à mega crise financeira global que fez a sua entrada em cena.
Aqui ao lado, a revista “Temas” promove uma intensa discussão sobre estes assuntos. Em Portugal, nada! - Aqui se deixam alguns tópicos:
* Juan Torres López, "Los paísos fiscales en la economía global"
* Núria Almiron, Paraísos fiscales y medios de comunicación :todo es negociable menos los negocios
* José María Peláez Martos, La evasión fiscal en España y el intercambio de informción con paraísos fiscales
* Juan Hdez. Vigueras, La ventaja competitiva de la opacidad offshore
* John Christensen, Paraísos fiscales y pobreza: la gran cuestión
* Ricardo García Zaldívar, La utilización de los centros offshore por la banca y los grupos empresariales españoles
* Pere Moles, Los paraísos fiscales en España en la legislación fiscal actual
* Manuel Medina Ortega, La transparencia fiscal en la Unión Europea
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domingo, janeiro 20, 2008

La Fronde

O Parlamento de Paris na época de Luis XIV, como hoje, não era uma assembleia representativa. Não obstante os seus magistrados viam-se como guardiães do que eles denominavam as “leis fundamentais” do reino. Lideravam um movimento político que ficou conhecido como la Fronde. Este movimento era visto pelos seus participantes, nobres e magistrados, como um protesto contra a destruição da antiga Constituição pelo Cardeal Richelieu, que tinha cozinhado uma legislação nova alterando as disposições para permitir à mãe do futuro Rei, a estrangeira Ana de Áustria governar a França como regente orientada pelo Cardeal Mazarin. O Fronde pode ser descrito como um conflito entre duas concepções de realeza: limitada vs absoluta.
Quando o jovem Luis XIV viu chegada a idade de subir à governança fechou a mãe à chave e assumiu-se como um monarca absoluto, acima das leis do reino, com todos os poderes para nomear e dispensar indivíduos das suas funções. No entanto, não considerava que ele estivesse acima da lei de Deus, da lei da Natureza, ou da Lei das Nações. Honrava os compromissos internacionais enquanto preparava a nação para a guerra. Emplumou os nobres fidalgos com as ricas vestes de folhos que deram fama à moda francesa e assumiu, longe de Paris, uma obra faraónica, o Palácio de Versalhes onde os encafuou a todos principescamente pagos pelo erário público.

Ao retirar a Nobreza da circulação dos feudos, pondo termo às cobranças selvagens de taxas sobre as colheitas dos camponeses, estava aberto o caminho para o controlo sobre as vidas da totalidade dos súbditos da França, que adquiriam a qualidade de cidadania, mas ao mesmo tempo passavam à obrigação de pagar os impostos ao Estado do Rei Sol – o preço da ascenção da classe burguesa. Estava ultrapassada a crise de representação, inaugurados os anos de vitória e fausto ((o Rei tomaria Maastrich em 1674) e fundada a reconstrução do sistema de dominação pela nova génese do capitalismo.
O Fronde foi derrotado em 1652. Em 1654 Luis XIV mandou erguer uma estátua de pé sobre um guerreiro abatido (simbolizando o Fronde) e mandou colocá-la à porta do Hotel de Ville para mostrar aos gentios que já não tinham qualquer hipótese de defesa, enquanto como o representante de Deus na Terra, depois do ritual de coroação, e com o Clero e a Nobreza prostados a seus pés, começou a governar de modo absoluto a partir de Versalhes.

Trezentos e cinquenta anos depois “le Roiproto judeu Nicholas Sarkozy, também ele filho da mãe estrangeira (um mini-Bush), após ter ressuscitado velhos costumes como o direito de pernada (jus primae noctis) sobre as filhas do povo, resolve também retirar-se para longe da escumalha de eleitores que infestam a capital do reino e convoca a nobreza não representativa do Parlamento para reunir em Versalhes a 4 de Fevereiro próximo (a meio da ponte do Carnaval) a fim que seja ratificado o “novo” Tratado Europeu.

Antes da chegada dos franceses, os degradados wasp indigenas da América não sabiam nem fritar batatas. Após a descoberta, à venda nos MacDonalds, chamaram-lhes “french fries” – é o mesmo, que vergonha, que agora os gringos se propõem fazer à nossa Révolution Française!
Saiba-se que se organiza já um grande movimento de cidadãos-eleitores que pretendem rumar a Versailhes para que conste que a velha retórica que persegue o designio de governar em nome de Deus e não do Povo já não é nem válida nem aceite.
E vós citoyens portugueses que também deveríeis ser filhos das Luzes, já que isto por aqui jamais dará nada, porque não alugais umas camionetas enfeitadas com umas bandeiras e não ides também?

sábado, janeiro 19, 2008

descobertas abruptas

1. "(...) para cada personagem do filme lá estava a figura real, a família Salgado, Pinto da Costa, o ex-presidente do Conselho de Arbitragem, o vereador de Gondomar que foi espancado, o major, os advogados, os médicos, os empresários do futebol à volta do clube, o líder da claque do FCP, Joaquim Oliveira, o patrão da Olivedesportos, tudo e todos num filme chamado Corrupção" - no Abrupto

José Pacheco Pereira deve saber do que fala. Afinal descreve o mundo criado pelos gestores politicos do seu partido, (desde a primeira maioria de Cavaco) nos últimos 30 anos

2. Portugal (10 milhões de habitantes) tem 40 mil advogados; a França (60 milhões de habitantes) tem 10 mil advogados.

Qual é o número de exemplares no nosso Parlamento? sabemos que são muitos, mas não vale a maçada saber quantos. José Soeiro, o jovem deputado do Bloco, explica porquê: "esta gente que vemos por aqui não representa minimamente o país que somos"

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Tecnocracia (II)

Wright Mills - A Élite e o Poder

As teorias defendidas por Wright Mills são bastante pertinentes para a análise do sistema de poder vigente nos E.U.A (e em todo o mundo onde os tentáculos do polvo manobra subservientes parasitas). Assentes na relação existente entre “Elite e Massas”, o autor da obra “A Elite do Poder” (publicado em 1956) defende que a estrutura do poder Norte-Americana é caracterizada pela existência de um oligopólio constituído pelas elites política, económica e militar. Para melhor fundamentar esta ideia, Mills recorre á análise do processo de desenvolvimento histórico dos E.U.A, considerando que o complexo de poder nem sempre é equilibrado, dependendo da conjuntura.
Os estudos realizados pelo sociólogo merecem especial atenção no actual contexto histórico, em que o poder dos Estados tende a diminuir, não só do ponto de vista externo, mas também internamente. A multiplicação dos centros de poder, verificado no pós Segunda Guerra Mundial, e que sofreu um processo de aceleração exponencial com o fim da guerra fria, contribuiu para que os Estados tenham cada vez maior dificuldade no exercício pleno da sua soberania. Este fenómeno é particularmente visível na área da economia, tendo-se registado a emergência de entidades privadas que, actualmente, detêm índices de P.I.B superiores aos de muitos Estados desenvolvidos. Num contexto de globalização, o poder das grandes empresas transnacionais acaba por influenciar determinantemente a acção dos Estados.
Assim, importa estabelecer relações entre estes factos, e o profundo sentimento de descrença nos actuais sistemas políticos. A existência de grupos que são a tal ponto privilegiados pelo poder político, que chegam mesmo a absorvê-lo, coloca em causa a ideia de democracia: o governo do povo, e não de alguns elementos, ditos seus representantes, em nome do povo.

Subdividido nos seguintes capítulos:
- Tecnocracia e Grupos de Pressão
- O desenvolvimento da Elite do Poder norte-americano
- A subversão do Poder político por parte do Poder económico
- A subversão do Poder Militar por parte do Poder económico
O ensaio, publicado em 2001 na CorporateWatch, pode ser lido aqui

quinta-feira, janeiro 17, 2008

O novo caciquismo glocal do bloco central

“Esta é uma sociedade fundada sobre o Trabalho, mas que deixou de poder oferecer aos seus membros aquilo pelo qual ela se estruturou e por onde organizou o seu discurso
Hannah Arendt, 1983

Em obras como “A Condição Humana”, “Sobre a Violência” e “Sobre a Revolução”, entre outras, Hannah Arendt procurou demonstrar que, enquanto o Poder era gerado espontaneamente por meio da acção conjunta e dialógica dos cidadãos, a Violência exercia-se de maneira a dispersar e isolar os indivíduos, rompendo os laços cívicos que os vinculam;
Enquanto o Poder se converteu num fim em si mesmo, pois é a própria amálgama de cidadãos aglomerados na Polis que unifica os agentes no espaço público, a Violência foi puramente instrumental, porque não era mais que um meio para atingir determinado fim através da Coerção.
Actualizado para o novo paradigma (1) de controlo Biopolitico da produção social - quando o Poder deixa de se exercer de maneira consensual entre partes que antes podiam ser divergentes entre si, a Violência impõe-se de modo a calar os opositores e a destruir a pluralidade dos participantes.

(1) O termo “Biopolitico” (composto da “bios” Vida e da “polis” a Cidade) indica um conceito usado pela primeira vez em fins do século XIX por George Bataille, mas só chegou ao centro do debate filosófico no seguimento do uso que foi dado à palavra por Michel Foucault a partir dos anos 70 para designar uma das modalidades de exercício do Poder sobre a população enquanto massa global.
Para Foucault, e outros teóricos que se lhe seguiram, a “Biopolitica” é o terreno em que o Poder procura gerir os individuos por meio da prática de disciplina do corpo e a regulação das populações em termos colectivos. É uma área de encontro entre o Poder e a esfera da Vida – um encontro que se realiza plenamente numa época precisa: a da explosão do Capitalismo por meios violentos a todo o sistema mundo.
A tentativa de controlo biopolitico indica uma direcção principal e complementar, onde a gestão do corpo humano na sociedade de economia capitalista, a sua utilização e o seu controlo abre um processo biológico de controlo do corpo humano como espécie, para assim chegar ao controlo biopolitico de toda a população e das condições de reprodução da própria vida. A politica torna-se bio-Poder e trabalha no controlo do conjunto das actividades humanas enquanto procede à sua feroz expropriação.
Como se percebe, este é um projecto que não é menos monstruoso que a “liebesraumdo Nazismo, onde, em vez de um partido único, os dois partidos ditos democráticos assumem, por um lado as piores coisas do antigo socialismo de Estado e por outro, as piores coisas do neoliberalismo. Onde a pseudo Esquerda se adaptou aos temas fascistas da Segurança (alimentar, monitorização de práticas não saudáveis, prevenção contra-terrorismo inventado, etc). É por isso que, para utilizar uma frase de Negri, “dentro da bebedeira neocon” apelidamos a nova (des)ordem mundial de IV Reichcom a certeza que o gigante pode ser imobilizado, desde que cada um puxe o seu fio, ainda que de forma independente dos outros; Impondo à “liebesraum” do regime totalitário de Hitler o conceito de “lebenswelt”: as formas de vida do proletariado global.
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