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sexta-feira, outubro 31, 2008

o Preço da Ambição

A razão última de todas as crises reais é sempre a pobreza e a limitação do consumo das massas frente à tendência da produção capitalista desenvolver as forças produtivas como se não tivessem limites para além da capacidade absoluta de consumo da sociedade"
Karl Marx

cresce cresce bolha cresce, a crise só eclodiu quando os banqueiros do retalho vieram dizer que estavam tesos,
os paralíticos



No documentário Lágrimas Negras (Black Tears, de Sónia Herman Dolz, 1997) exibido no Doc Lisboa2008, o grupo de velhos músicos de Cuba da “La Vieja Trova Santiaguera", todos (menos um) com mais de 80 anos de idade fazem com um esforço físico enorme uma digressão pela Europa – “ficaremos o tempo que for preciso para ajudar a nossa a pátria” – Durante e no final de cada concerto em palco eles precisam de assistência porque já vêem mal e as escadas representam um enorme risco para as suas pernas; contudo, o desgaste físico e o esforço quotidiano dos músicos não os impede de fazer uma peregrinação obrigatória que é um dos momentos mais comoventes da película – bem dentro do espírito proletário da ilha, é a romagem ao túmulo de Karl Marx no cemitério de Harrogate em Londres – pouco mais de meia-dúzia de pessoas de chapéu na mão repreendendo-se mutuamente para observarem um pequeno silêncio em sinal de respeito; não são mais que os que assistiram ao funeral de Marx em 1883 quando Engels lhe proferiu a anónima elegia:

“Marx foi o mais odiado, o mais caluniado homem do se tempo. Governos, fossem eles absolutistas ou republicanos, deportaram-no para fora dos seus territórios. Burgueses, fossem eles conservadores ou ultra-democraticos ignoraram-no, respondendo-lhe apenas em caso de extrema necessidade. Mas Marx morreu amado, reverenciado e chorado por milhões de revolucionários seus camaradas de trabalho. O seu nome permanecerá através dos tempos, e também as suas obras”

Realmente, é convicção geral que a obra de Marx só morrerá junto com a criação daquilo que esteve na origem do seu estudo: Marx só deixará de ter actualidade quando o capitalismo desaparecer de vez da face da Terra.

Falamos repimpados aqui do Ocidente (onde as classe médias agora em proletarização acelerada vivem da exploração e da agressão de além-mar) onde os operários e produtores (por via da deslocalização da produção para países proletarizados) são hoje quase espécies em vias de extinção; onde manhosas instituições como a UGT, mantendo desavergonhadamente o cognome de “sindicato” acolhe para comunicações oficiosas os agentes do capitalismo, desde o ministro da repressão ao Trabalho até ao Cavaco chefe de fila interno dos economistas ultraliberais da finança internacional.

Os pontos de vista não são neutros: têm uma perspectiva de classe. Como os “condenados da terra” são a maioria, a eles se deve a presente onda de revivalismo da teoria de Marx – este ano o clássico “O Capital” triplicou as vendas na Alemanha e milhares de estudantes visitaram uma instalação na antiga Karl-Marx-Stadt, hoje Chemnitz feita em redor do monumento original em honra de Marx, a que chamaram de “Museu Temporário do Marx Moderno
Nesta nuvem de palavras representam-se através de um programa informático as 125 palavras que aparecem mais frequentemente no Volume 1 de “O Capital”. Cada palavra aparece com o tamanho na mesma proporção em volume com que é referida – é inequívoca a perspectiva de defesa de classe que a obra representa. Marx não pode ser reutilizado por intelectuais aspergidos por brilhantina-up-date nem voltará ao pó das bibliotecas como desejariam os programadores que fazem os jornais
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quinta-feira, outubro 30, 2008

há mais vida para além de McCain e Obama?

¿Que acções “incrivelmente duras” (um silogismo do modo "democrático" para Shock&Awe?) de política externa prepara Obama? (WSWS via Rebelion)
Joe Biden comparando Obama a John F. Kennedy: "Não tardará seis meses antes que o mundo ponha à prova Barack Obama como fez com John Kennedy" disse Biden.

“O mundo está à espera. Estamos prestes a eleger presidente um brilhante senador de 47 anos. Cuidado. Vamos ter uma crise internacional, uma crise provocada, para provar as capacidades e a têmpera desta pessoa” - Biden mencionou o Próximo Oriente, o Afeganistão, Paquistão, Coreia do Norte e a Rússia como possíveis pontos de conflito, porém não deixou claro a natureza exacta de tais crises, limitando-se a avisar: “Pode haver pelo menos quatro ou cinco cenários nos quais se podiam originar" e assegurou que Obama reagiria enérgicamente: "Vão tratar de o pôr à prova. E vão descobrir que este tipo tem uma espinha dorsal feita de aço"

"The War Room"
de Chris Hegedus e D. A. Pennebaker, EUA, 1993
- exibido no Doc Lisboa 2008

1992 - no Posto de Comando, "a sala de guerra", um mundo habitualmente vedado aos olhares comuns, James Carville e George Stephanopoulos os estrategas da campanha preparam a eleição de Bill Clinton; o grego é o autor dos célebres slogans que lhe valeram a vitória: “É a Economia Estúpido” e "leiam os meus lábios: não haverá mais impostos!", criticando a ausência de respostas da administração George Herbert Bush no campo económico; eles redigem os discursos da candidato, comandam centenas de colaboradores e assessores de imagem que controlam em proximidade todo o território nacional, que por sua vez controlam outras centenas de pessoas e agências de comunicação influentes localmente, exploram a difusão das gafes dos adversários nos media, lançam acções de spin junto dos financiadores por forma a manejar com âxito verbas milionárias, lançam propaganda subliminar nos jornais e televisões. É uma máquina gigantesca que vale o eufórico desabafo final de Carville: “este é acto de masturbação colectiva mais caro do planeta terra”. Estes profissionais altamente especializados em marketing político contratados para as campanhas cumprem afinal uma encomenda.

Quem encomenda é quem paga as contas, mas os mandantes que controlam os grandes negócios de Estado permanecem na obscuridade. Pouco espaço é deixado ao candidato-presidente, este raramente é visto neste retrato exclusivo sobre os corredores da política e os seus jogos de poder; a Clinton pouco mais lhe é exigido que a pose como figurino com aptidões para exorcizar discursos em público e que tenha carisma suficiente para entusiasmar as audiências. Também essas habilidades foram trabalhadas previamente pelo staff, ensaiadas e treinadas frente às câmaras.

2008 – Quartel General de McCain; Ed Rollins o estratego republicano ligado às vitórias de Ronald Reagan antecipa que a opinião prevalecente é a de que a corrida está perdida: “a eleição está mais que decidida, vai ser uma avalanche”. Rollins sabe do que fala; afinal Reagan era um manhoso ex-actor de filmes série B na pré reforma como relações públicas na multinacional General Electric – depois de um discurso inaugural de 4626 palavras estava lançada a política que ficou conhecida como “Reaganomics”. Pode-se imaginar que este salto na desregulamentação global, o desmantelamento do new deal e a livre circulação de capitais foi decidida por uma parda figura de hollywood? – certo é que a GE, depois de deslocalizar praticamente toda a produção, integra hoje, longe da “crise” um dos grupos de topo do universo financeiro judaico.

David Frum, que redigia os discursos de George Herbert Bush observa que “há muitas maneiras de perder uma eleição presidencial” e acrescentava ontem que McCain está a perder a actual de uma maneira que “ameaça afundar de vez o Partido Republicano com ele... podiam-se empilhar os números das sondagens, mas francamente... é dmasiado deprimente”. Nas eleições para o senado e para a Câmara de Representantes, que se realizam no mesmo dia o cenário é ainda pior: os “democratas” prevêm obter a maioria absoluta (de 256 assentos para um total de 435, ou seja, 59%).
O discurso de McCain na NBC, contratado para exercer esse mesmo diferente papel, condiz: “o entusiasmo que se vê em torno da nossa campanha está ao mais alto nível de sempre. Somos muito competitivos e estou muito feliz com o que somos
Razão tem uma participante de uma destas manhãs no Forum TSF: “Imaginem uma tempestade que tenha trazido uma grande enxurrada de lama pela casa adentro. É preciso chamar alguém, geralmente uma equipa de trabalhadores menos qualificados, para que cumpra a urgente tarefa de limpar a casa. Será esse o trabalho encomendado ao preto Barack Obama, que é um mero "constructo". e Cumpridor com a função para que foi designado, já avisou: "Temos uma grave crise para resolver e duas guerras para ganhar"
Indecisão?
Depois de ler o que atrás ficou dito, tente adivinhar quem escreveu um discurso tão certinho e encenou a pose estatal de Obama, dirigida directamente ao coração das massas estúpidas, na meia hora de publicidade paga de ontem na televisão (26 milhões!). o Cinismo em estado puro, pura conversa da treta para deitar pró lixo a partir da próxima semana,,,

Ver video de propaganda eleitoral de Obama aqui (27min,10seg.)

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quarta-feira, outubro 29, 2008

o Mundo Segundo a Monsanto












O embaixador de Israel em Lisboa, Aaron “Ram” Simplat não percebe porquê. Mas, neste, como em tantos outros casos de judeus infames, desde o campo da Alta Finança ao da Indústria Politico Militar, podemos ter mais um orgulhoso engulho em algo que leva um portuguessímo nome na origem: a família Monsanto, os irmãos Benjamim, Isaac, Leonor, Graça e Manuel Jacob, judeus “originários” (depois de serem expulsos de Espanha), da aldeia da nossa Beira Baixa, que se tornaram gente de sucesso após emigrarem para os Estados Unidos no século XVII onde prosperaram no tráfico comercial de escravos africanos adquirindo grandes áreas de plantações em vastas áreas onde são hoje o Estado de Louisiana e a agora “próspera” New Orleans. A história do êxito ganha aura de romance côr-se-rosa digno de figurar na campanha de marketing de Obama, quando na geração seguinte o filho de Isaac Rodrigues de Monsanto - Manuel Jacob Monsanto se apaixonou por uma escrava negra “Maimi” William da plantação de Manchac e a família se mestiçou por um lado e se anglofizou por outro. Iremos encontrar a família Monsanto um pouco mais à frente no tempo. Mais precisamente no Doc Lisboa 2008.

O Mundo segundo a Monsanto(The World According to Monsanto) co-produção França, Canadá, Alemanha, 2008

(pode ver a versão integral do filme 1h.48min.57seg. aqui)

a Monsanto tornou-se a maior multinacional global no ramo dos OGM (Organismos Geneticamente Transformados, ou Transgênicos). Este documentário de Marie-Monique Robin reconstitui a ascensão de um verdadeiro império económico através de documentos, dos testemunhos das vítimas, políticos e cientistas, revelando as estratégias obscuras desta empresa criminosa para mudar a seu favor a legislação nos Estados Unidos de acordo com as conveniências do fabrico (objectivo plenamente atingido quando Bill Clinton nomeou um homem da Monsanto, James Maryanski, para director da FDA, a Food and Drugs Administration”) – o que tem permitido camuflar a verdade sobre os efeitos dos transgénicos nos seres humanos – desviando as discussões para aspectos técnicos pseudo-científicos; manobrando um batalhão de advogados que trata dos procedimentos legais camuflando os efeitos nocivos da sua actividade.

Embora vá prevalecendo a ideia geral que a Monsanto, cujo lema é Alimentos- Saúde- Esperança, é uma multinacional da agricultura intensiva destinada ao ramo alimentar,

na verdade a empresa fundou-se na indústria química (em 1901 na Monsanto Chemical Works) evoluindo posteriormente para o campo dos pesticidas (em 1975 com o Roundup Ready,o veneno fertilizante mais vendido no mundo) e mais recentemente da biotecnologia (data de 1972 a primeira combinação do DNA de uma planta com uma bactéria). Como quase tudo já foi dito sobre a Monsanto Corporation, fica aqui apenas a cronologia da sua história moderna.

1917 – a Monsanto começa a fabricar a “Aspirina” e em 1929 cria a oportunidade para entrar na indústria química pesada
1935 – compra a Swann Chemical Co. em Anniston e começa a fabricar e vender os famigerados PCB,s (banidos do mercado interno em 1977)
1949 – um grave acidente nas instalações contamina muitos trabalhadores, famílias e residentes na áea expondo-os a dioxinas que lhes causaram danos irreversíveis.
1955 – Adquire a “Lion`s Oil” e começa a produzir fertilizantes petroquímicos.
1959 – Cria o herbicida Lasso, um desfolhante químico conhecido mais familiarmente como “Agente Laranja”, que haveria de ser vendido ao Exército Americano e usado de forma massiva para desflorestar as plantações agrícolas das populações e da guerrilha do Vietname entre 1962 e 1972.
1980 – a Monsanto cria a Hormona de Crescimento Rápido em Bovinos (conhecida como RBST - Recombinant Bovine Somatotrophin Grouth Hormone)
1989 - o Dr. Samuel Epstein torna público que a BST está a ser usada nas explorações pecuárias e que este quimico é susceptivel de provocar o cancro. Os animais são injectados e no dia seguinte ao abate verifica-se que o peso por que foram vendidos baixa para metade. A carne desfez-se em água; os compradores caíram num conto do vigário, muito útil para a filosofia do mercado livre – visto em conjunto com os processos de alimentação geneticamente alterados que provocaram a doença das vacas loucas.
1990 – a Greenpeace publica o relatório “Ciência para Venda” (Science for Sale) onde acusa os investigadores e cientistas da Monsanto de manipularem os resultados de estudos que confirmam que as Dioxinas provocam o cancro em humanos.
1991 – Michael Taylor, um ex-advogado da Monsanto é nomeado pelo lobie gerido pelo vice presidente George H.Bush para nº2 da FDA, o organismo que supervisa e legaliza todos os produtos de consumo no ramo alimentar.
1993 – a FDA aprova o uso da marca “Posilac, o nome comercial da Hormona de Crescimento em Bovinos. O leite alterado através de engenharia genética é o primeiro produto oficialmente aprovado para consumo humano.

1993 – Regista a patente da Soja geneticamente alterada para resistir ao herbicida RoundUp e inicia procedimentos legais contra agricultores que usam produtos tradicionais similares.
1996 – a Monsanto torna-se o maior contribuinte liquido em fundos para a campanha de reeleição de Bill Clinton – o que valeu à empresa uma citação no discurso do Estado-da-Nação do presidente em 4 de Fevereiro de 1997. Um sucesso de marketing! e o posterior controlo da FDA.
1996 – a Monsanto é considerada culpada num tribunal de New York devido a publicidade enganosa no caso da afirmação que o herbicida RoundUp é um produto biodegradável.
1999 – após grandes pressões internacionais, e de serem banidas pela ONU, a Monsanto decide retirar de comercialização as sementes “Terminator”, que tornam as novas sementes estéreis após as colheitas, obrigando milhões de agricultores a comprar outras.
2003 – a “Solutia”, uma subsidiária da Monsanto declara falência após prejuízos resultantes de vários casos de acusação de poluição ambiental
2007 – a Monsanto é condenada em França pelas campanhas de marketing sobre o uso do RoundUp como sendo biodegradável.
2008 – Debaixo do protesto de associações de consumidores, a Monsanto decide retirar do mercado o Posilac, o produto altamente controverso que está na origem das alterações introduzidas no leite, causa, quando usado especulativamente em excesso, dos recentes envenenamentos alimentares
(continua)

terça-feira, outubro 28, 2008

o Jumento que ri por último ou o ataque à liberdade de expressão









Vc actua de forma honesta na sociedade e cumpre com lisura todas as suas obrigações com o Fisco?, pois saiba que esse modus operandi não é seguido por todos os responsáveis nomeados para gerir essa opaca Instituição Pública - o Dr. Paulo Macedo, ex-chefe dos serviços, uma irritável eminência parda do BCP/Opus Dei não o fez em tempo e desencadeou um processo pidesco junto da Interpol tendo em vista exercer retaliações sobre aqueles que não esquecem os factos nem renunciam a denunciá-los - valha-nos deus que nem uma qualquer missa encomendada nos salva da penhora da palavra. Siga "o Jumento" na sua prestimosa "Reflexão sobre a Velhacaria" - mais um fardo de palha na mouche!
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o Amero

os Estados Unidos irão declarar a incapacidade de fazer pagamentos em dólares já em Fevereiro ou Março de 2009 - lançarão em alternativa uma nova moeda que não valerá mais que vinte cêntimos. Se tem contas bancárias em dólares, livre-se delas, enquanto é tempo

Logo no princípio quando se começou a desenhar ao conhecimento público o rebentamento da bolha especulativa do imobiliário em Agosto de 2007 (ou ainda antes) começaram igualmente a correr teorias, devido à astronómica dívida externa, sobre a inevitabilidade da implosão do Dólar como moeda de referência no mercado financeiro global. Outras teorias, como sempre rotuladas de conspirativas, começaram a circular no que respeita a uma suposta moeda alternativa cunhada pelo Tesouro dos Estados Unidos. Agora, passado mais de um ano, é o neoconservador Hal Turner, um ex-jornalista detentor de um programa periódico na rádio, que tem sido alvo de represálias pela administração Bush, quem vem divulgar pormenorizadamente a intenção dos EUA governados pelos ultraconservadores de substituirem o dólar por uma nova moeda: trata-se do “Amero” um derivativo da raiz América – a nova moeda única para a União da América do Norte (um pouco como o Euro para a União Europeia) circulará com a cumplicidade dos governos do Canadá e México. Os EUA pensam, com este remédio, curar a doença progressiva de que foram atacados na década de 70, quando iniciaram o declínio da então maior nação com excedente de créditos com que inundavam o resto do mundo, para a situação de nação com a maior dívida mundial por volta do ano 2000. O rebentamento da bolha da “nova economia” e a saída via 11 de Setembro para a odisseia da guerra generalizada contra os moinhos de vento do terrorismo têm feito o resto do caminho para a falência (não de todos, como se verá, mas quanto baste de tansos com investimentos e depósitos em papel para limpar o olho do cu) – a ponto de economistas liberais como Peter Schiff reclamarem para a América de hoje o cognome de Segunda República de Weimar (sem dúvida uma história a reler pormenorizadamente) – eis então o Amero como moeda de substituição ao velho émulo do marco alemão da década de 1920 quando, devido ao seu valor desprezível, era queimado nos fogões de cozinha uma vez que comprar lenha com as notas saía muito mais caro.

legendado em castelhano:


Exceptuando a gaffe dos "francos franceses" Hal Turner parece ter razão. Esta crise, o maior roubo na história da humanidade, pode dizer-se que tutelará os direitos fundamentais de vida e de liberdade adquiridos, quando frente a qualquer acto ou omissão a qualquer autoridade, de qualquer funcionário ou pessoa que possa tornar vulnerável a execução do que vem sendo planeado para estabelecer a "nova ordem mundial" decretada pelo clã Bush

o Mercado, e a Lei Marcial vs Habeas Corpus

segunda-feira, outubro 27, 2008

Doc Lisboa 2008 (IX) Hunger

Fome” (Hunger), de Steve McQueen, Grã Bretanha, 2008

Dramatizando a vida dentro da tenebrosa prisão de Maze e os altamente emotivos eventos em torno da greve de fome dos militantes do IRA (Exército Republicano Irlandês) em 1981 em luta pela segunda independência, o documentário ficcionado pelo artista plástico Steve McQueen ganhou em Cannes o prémio para a melhor primeira obra na secção “Un Certain Regard”.
Michael Fassbender, 31 anos, representa magistralmente o papel de Bobby Sands, um activista do IRA que entra em greve de fome, depois de condenado a 14 anos de prisão em 1977 por posse de arma de fogo, que depois de 66 dias sem comer morreu na prisão de Belfast aos 27 anos de idade. Estes acontecimentos foram ferozmente censurados nos media da época por pôr em estado de choque a corrupta “democracia de sua Majestade”, que se recusava a reconhecer estatuto politico aos prisioneiros - durante a greve de fome Bobby Sands foi eleito como deputado ao Parlamento de Westminster – um facto extremamente importante que, 30 anos depois, é de novo “esquecido” nesta obra por McQueen. Embora com extrema eficácia em mostrar o clima de violência dentro das prisões da Irlanda do Norte (afinal isto passa-se na moderna Europa dos “direitos humanos"), o realizador está mais interessado em questionar a moralidade da decisão individual de morrer por uma causa colectiva. Politicamente ficamos na mesma?, talvez não. Sands morreu porque ele pensou em consciência que tinha razão, e essa decisão ecoará para sempre dentro das nossas cabeças; muita gente que chegou agora à história não fará ideia do clima que se vivia então em Belfast contra a invasão do governo britânico (o brutal “Domingo Sangrento” em Derry, ou incidentes como o de Bombay Street), mas o que é um facto incontornável é que mataram um deputado eleito.

Margareth Tatcher, a primeira ministra diria 2 dias antes da morte (a 5 de Maio) em comunicação no dialecto televisivo do costume : “o sr. Sands é um criminoso convicto; agora resolveu assassinar-se a si próprio. Essa é uma escolha que a sua organização terrorista não consentiu a muitas das suas vítimas”.
Estando a história feita, sabendo-se que as autoridades britânicas torturavam os presos na SUA PRÓPRIA TERRA (SteveMcQueen encena a violência da tortura numa perspectiva estética), décadas após serem tratados como cidadãos de segunda classe, descriminados a todos os níveis, incluindo por segregação religiosa, o único momento de felicidade para o espectador é a cena em que o polícia torturador leva um valente tiro nos cornos. O que deixa a escolha feita: Bobby Sands é um herói na verdadeira acepção e em todos os sentidos da palavra e a Madame Tatcher que presidiu a um governo terrorista tem uma estátua dourada no Parlamento neocon. Agora que muita gente (como o conceituado escritor árabe residente em Londres Hanif Kureishi) começa a apontar o dedo a Margareth Tatcher (a sósia de Reagan na politica de desregulamentação imposta pelo Consenso de Washington) como a verdadeira autora da crise económica actual que devastará milhões de vidas, o mínimo que se poderá exigir é que a criminosa seja julgada rapidamente antes que morra
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sábado, outubro 25, 2008

DocLisboa 2008 (VIII) Sinai Field Mission

A seguir à crise no Canal do Suez em 1956, quando Israel atacou o consulado americano em Alexandria como forma de pressão para envolver os EUA numa declaração de guerra, o ponto de viragem na ascenção do poder de Israel na região do Médio Oriente foi a “Guerra dos 6 Dias” em 1967 contra as forças árabes, unidas no sonho de uma poderosa República Árabe Unida (a RAU que representaria mais de 1 bilião de pessoas) com o Egipto de Nasser e a Síria na vanguarda – que já tinham sido derrotadas militarmente em 1967 e voltaram a sê-lo em 1973 na Guerra do Yom-Kippur com a subsquente ocupação da peninsula do Sinai, dos Montes Golan e de Jerusalem, a primeira devolvida posteriormente aos egipcios com um governo domesticado, mantendo-se porém o segundo território 41 anos depois ainda ocupado e o estatuto de Jerusalem por definir.

"Sinai Field Mission"

Incluido na retrospectiva de Frederick Wiseman (EUA, 1978) o documentário foca a história da missão de paz da ONU no deserto do Sinai iniciada em 1976 que pretendia gerir a contenção de forças militares de ambos os lados, Israelitas e Egipcios, naquela terra de ninguém na linha de demarcação das hostilidades. Nenhuma das forças em presença sob a égide da ONU possuia capacidade tecnológica para ser eficaz na vigilância no terreno. Foi então decidido que os Estados Unidos formassem uma unidade especial encarregue da manutenção do equilibrio por forma a que não fossem possiveis novas confrontações, deliberadas ou ocasionais. Era uma força americana desarmada em “missão de paz” (de crachat de pombinha branca no braço) - a Sinai Field Mission” (SFM) como ficaria conhecida, foi a primeira missão dos EUA como “força independente” – constituida por 14 militares de patente e por 163 funcionários da empresa privada E-Systems sedeada no Estado do Texas (hoje integrada na Rayteon), força que custou, a preços da época, 11,3 milhões de dólares no primeiro ano. Instalado um sofisticado sistema de vigilância electrónica que cobria toda a terra de ninguém entre as duas partes, e fazia um apertado controlo sobre os movimentos de viaturas e pessoas em toda a região, a gestão da logistica, a satisfação das necessidades de lazer, o aborrecimento, a rotina dos procedimentos legais naquele lugar inóspito depressa se converteu naquilo que é habitual: a fusão entre a missão militar e o grupo civil reunidos para atingir um determinado objectivo que passa a ser secundário face à desproporcionada e burocrática máquina montada. O quotidiano do grupo (uma pequena amostra da América fundida entre civis e militares) destacado no deserto do Sinai, num “universo militar obsessivamente focado na guerra – o que se torna irónico nos momentos prosaicos de convívio em que nada de bélico se adivinha”. A missão foi considerada um sucesso e, ponto final, o documentário de Wiseman não passa disto.

A chave para a compreensão da trama está noutro lado: na já então bem visível privatização da guerra e no uso de empresas de tecnologia avançada, que por sua vez já tinha também antecedentes: durante a Guerra do Sinai em 1967, os Estados Unidos providenciaram a Israel, via informação recolhida por aviões de alta altitude a posição exacta de todas as unidades do exército do Egipto – assim Israel ficou habilitada com a possibilidade de aniquilar o grosso das tropas árabes e de destruir essas unidades usando a artilharia e a aviação. Depois disto, as unidades móveis como a “Shaked” ou a “Unit101” comandadas por Ariel Sharon avançaram pelo Sinai até ao Canal do Suez (que garantia o controlo da livre circulação dos petroleiros) matando todos os soldados egipcios que encontraram, dezenas de milhar de homens circunscritos àquela região cercada, os quais já se tinham rendido ou estavam escondidos transidos de medo. Este ataque de Israel relaciona-se com outro crime de guerra levado a cabo pelos israelitas: o ataque (34 mortos e 172 feridos) ao navio americano “USSLiberty”, que mais não era que uma central electrónica de vigilância estacionada em frente da costa do Egipto, escutando comunicações e coordenando as informações obtidas pela aviação de espionagem. O ataque ao navio por forças israelitas foi uma forma de pressão de modo a levar os EUA a tomarem partido, a envolver-se na guerra. Isto não foi estudado na masterclasse orientada pelo judeu Frederick Wiseman no DocLisboa: mais um crime de guerra, neste caso contra o Egipto, que nunca foi julgado. Israel chamou-lhe à posteriori “um erro trágico”, e depois Lyndon Jonhson de imediato arquivou o caso.

Afinal de contas, o deserto onde se eleva o Monte Sinai é sagrado, embora seja só areia. É o local por onde, diz a fábula, o povo eleito vagueou durante 40 anos até ser guiado por Moisés até à terra prometida - o Instituto Shalom Hartman de Jerusalem ensina de como, peregrinando até ao Sinai, existem três maneiras de receber a revelação e os ensinamentos do Livro (a Torah). Alguém que pague a segurança do sítio. A “missão de Paz americana” de contenção ao Egipto e aos árabes em geral, actualmente ainda existe no terreno; operada a partir de um quartel general em Roma, vamos sabendo dela pelas actividades paramilitares: em 2007 caiu uma avião franco-canadiano entre El Gorah e Sharm el-Sheik morrendo todos os ocupantes. Passados todos estes anos, a paz não é evidente,,,

Sinai 1967, ponto de viragem, um documentário alternativo daqueles que o Doc não selecciona
51min.53seg.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Doc Lisboa 2008 (VII) Entre les Murs

"A Turma" - ("Entre Les Murs"), de Laurent Cantet, França (2008) vencedor da Palma de Ouro em Cannes, concorrente ao óscar de melhor filme estrangeiro em 2009. Estreia no circuito comercial a 30/Outubro. (ver video de promoção)

A diferença entre a palavra certa e uma palavra errada é a diferença entre uma luz acesa e uma luz apagada
Mark Twain

A ideia da Europa é obra de emigrantes, de povos oriundos das mais diversas procedências que por aqui foram construindo secularmente a realidade daquilo que tem sido até agora a ideia de “Estado Social” – foi este desígnio, assente sobre a exploração mercantil, primeiro com os “descobrimentos”, de seguida com a colonização, depois com o neocolonialismo imperialista que foi sendo exportado para todo o mundo. É na ressaca desta lúgubre epopeia que nos são agora devolvidos a casa os traumas da escravatura, do saque de recursos e da exploração desenfreada de milhões de criaturas que tentam desesperadamente escapar-se da condição de sub-humanos. Uma pequena minoria, sem dúvida dos mais capazes, ficam, conseguem prometer aos seus filhos uma vida melhor. É esta multiplicidade cultural e as várias tensões acumuladas que nos são mostradas “entre-os-muros” de uma sala de aula francesa – do folheto: “a experiência diária do ensino entre professores e alunos que interpretam os seus próprios papéis numa crónica ambígua sobre a Europa contemporânea” - um professor, cheio de boas intenções trabalha zelosamente para envolver os seus pupilos adolescentes, de ambos os sexos e de variadas raças e religiões no uso da linguagem e da literatura, mas vê os seus objectivos serem transpostos pelo cruzamento de linhas tabu.

As salas de aula são isto: bombas de fragmentação prontas a despoletar a qualquer momento, por meio da revolta latente, estilhaços de violência originados por toda a espécie de problemas trazidos pelos alunos do universo social exterior. O ensino oficial não corresponde às necessidades de formação humanista das pessoas. Uma evidência sintomática, entre outras: ensina-se gramática sobre os “Diários de Anne Frank”, uma efabulação novelesca que não passa historicamente de uma patranha da moderna mitologia judaica. Obviamente, para surpresa geral, a magrebina Esmeralda uma das alunas mais irrequietas, contestatárias da ordem, e com menor aproveitamento escolar, durante as férias tinha preferido ler de sua livre iniciativa a “República” de Platão.



a Escola, "(...) nesta instituição naufragaram, entretanto, num conspurcado lamaçal, os nobres ideais instrutivos e formativos. O prodigioso computador portátil “Magalhães”, ofertado em grande escala, numa operação de marketing à americana, a alunos do 1.º ciclo que cada vez sabem menos de Português ou Matemática e utilizam os computadores somente para simples divertimento, é, de resto, o mais recente exemplo do sentido irreal e burlesco das prioridades deste sistema educativo.
A nova escola pública é hoje uma empresa gerida por muitos tecnocratas alinhados com a actual ordem política, e equipada por operários que se desejam amanuenses servis e catequizados na alegada única ideologia vigente (a qual - agora já todos o sabemos - se encontra manifestamente em crise de final de ciclo). A verdadeira função desta espécie de mal engendrada e desalmada linha de montagem é produzir, automaticamente, em massa, de forma acelerada, e a baixos custos, duvidosos produtos estandardizados. Esta nova escola é, afinal, um hino ao velho fordismo. O tal sistema aplicado por Henry Ford em 1908 que venerou o dinheiro como deus supremo do Homo sapiens sapiens e que projectou um mundo sublime, onde o Homem é castrado da sua capacidade cognitiva e coagido a demitir-se das suas quotidianas obrigações familiares bem como de outros cívicos desígnios sociais em nome do lucro desenfreado (de uns poucos), da sobrevivência, do consumismo e do hedonismo desregrados. Aquele sistema perfeito superiormente ironizado por Aldous Huxley (em o "Admirável Mundo Novo") ou por Charlie Chaplin (Tempos Modernos), nos anos 30 do século XX, que está agora no epicentro de mais um superlativo “tsunami” económico e financeiro de consequências imprevisíveis para a humanidade; “tsunami” esse cujas causas são reincidentes e estão bem diagnosticadas. Enfim, aquele implacável sistema materialista mecanicista e “darwinista”, que hoje transcende o sector secundário para atingir muitos serviços do sector terciário, e cujo modo de vida o escritor americano de ascendência portuguesa John dos Passos também satirizou, numa obra datada dos mesmos anos 30 ("O Grande Capital"), com estas antológicas palavras: “quinze minutos para almoçar, três para ir à casa de banho; por toda a parte a aceleração taylorizada: baixar, ajustar o berbequim, acertar a porca, apertar o parafuso. Baixar-ajustar o berbequim-acertar a porca-apertar o parafuso. Baixarajustaroberbequimacertaraporcaapertaroparafuso, até que a última parcela de vida tenha sido aspirada pela produção e que os operários voltem à noite a casa, trémulos, lívidos e completamente extenuados”.
Porreiro pá!” Mas, pá, será esta a escola e o mundo que nós desejamos para os nossos alunos, para os nossos filhos?"
in "A Escola Pública e o Fordismo", por Luís Filipe Torgal

* 23/Out. Greves e manifestações em Itália contra o desmantelamento e a privatização do ensino público. Universidades ocupadas. Berlusconi ameaça fazer intervir a polícia; ou o que está mais em moda por aqueles lados: o exército. (Euronews)

quinta-feira, outubro 23, 2008

Doc Lisboa 2008 (VI) - sobre a Educação

"High School" de Frederick Wiseman, EUA, (1968)

"Filmado num dos maiores liceus de Filadélfia, High School capta o sistema escolar norte-americano não apenas como uma instituição onde se transmite o saber, mas onde se moldam valores sociais de uma geração para outra. A dada altura, observamos um docente a repreender um dos alunos: “Nós estamos aqui para garantir que te tornas num homem e que sabes receber ordens

"High School II" (1994)

"25 anos depois, Frederick Wiseman regressa ao mundo do liceu e observa as diferenças. High School II é um filme sobre um estabelecimento alternativo de sucesso (privado, claro) no Harlem hispânico de Nova Iorque, onde 85 a 90 por cento dos finalistas consegue ingressar na universidade. O filme ilustra o empenho deste estabelecimento no programa “Hábitos da Mente” e a sua peculiar abordagem ao ensino que inclui reuniões com familiares, debates sobre raça, classe e género, encontros entre os docentes, educação sexual, gestão de conflitos pelos alunos e concelhos de estudantes" significa que, a submissão é agora programada por ti mesmo atendendo ao controlo biopolítico efectuado pela inculcação dos teus próprios "hábitos mentais" para submissão às ordens.

"Low School" (2008) Lisboa, reality show em tempo útil, quarta feira de manhã na 5 de Outubro em frente ao Ministério da Educação: É indigna e vergonhosa a forma como se "entaipam" de forma pidesca os nossos jovens que se pretendem manifestar contra a violência institucional autocraticamente decretada pelos gestores do poder

enfim, talvez num futuro não muito distante,
a bófia e os tratadores que os treinam se lixem, suas bestas (*)

talvez não estejamos tão distantes assim dos grandes princípios seguidos por aqueles que se sacrificaram pelo nosso futuro: a lição legada que devemos seguir livremente os três princípios fundamentais dos revolucionários: o Estudo, o Trabalho e o Fusil! - como no príncipio de Arquimedes, as razões reactivas do apelo à destruição de um sistema violentamente destrutivo por iguais meios são conhecidas:



(*) sobre as Bestas, particular atenção ao discurso do Che (intemporal e mais actual que nunca) entre o minuto 3,22 e 4,25:
"isto demonstra-nos duas coisas, primeira, a bestialidade do imperialismo!, que não tem uma fronteira determinada nem é património de um determinado país. Bestas foram as hordas hitlerianas, como bestas são hoje as americanas (...) porque a natureza do imperialismo é a de tornar os homens bestas, convertendo-os em feras sedentas de sangue, que estão dispostas a degolar, a assassinar, a destruir até à última a imagem de um revolucionário que caia nas suas garras ou que lute pela liberdade"
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quarta-feira, outubro 22, 2008

a malta do Bush McCain

nota prévia - para ver no DocLisboa2008 - o que eles querem: complicar e burocratizar para excluir poupando custos:
"a senhora parece-me doente, procura uma clínica? Não!; porque não?, porque não tenho dinheiro; é pena, porque se tivesse seguro estava safa"
"Welfare" de Frederick Wiseman (EUA, 1975). "Wiseman dá-nos a conhecer o dia-a-dia de um grande centro social norte-americano. A complexa natureza do sistema de segurança social é-nos apresentada através dos casos pessoais dos utentes que buscam assistência: alojamento, desemprego, divórcios, problemas de saúde, crianças abandonadas ou vítimas de abusos, terceira idade. Os funcionários da segurança social, bem como os seus utentes, lutam para que o sistema funcione ao mesmo tempo que tentam perceber as leis e regulamentos que governam o seu trabalho e as suas vidas". Agora nós:

Em finais de 2007 a carteira de fundos da Segurança Social investidos em Bolsa valia 7560 milhões de euros. Até aqui aparentemente a bolha deu algum lucro (mas não deve ter dado para cobrir a inflação). Pudera que a bolha fosse mais que eterna e pudesse durar para sempre. Mas no final do Verão de 2008 foi avaliada em 8257 milhões, isto é, em menos cerca de 200 milhões que em Julho quando valia 8.460. Elementar meu caro Fernandes: segundo o Público, uma vez que a tutela se mantêm muda e queda sobre a depreciação, a causa fica a dever-se à crise e ao facto de o governo de Sócrates não se ter percatado atempadamente contra ela.













Já estamos como diz o Mourinho: "com o agravamento da crise, o que esta malta dos tablóides quer é vender papel". Podiam ter investigado, concluído e escarrapachado em 1ª página: a peregrina ideia de jogar os fundos da Segurança Social no casino capitalista da Bolsa foi decidida e passada a lei pelo governo de Durão Barroso (hoje investido na função de próconsul bushista para a Europa), mais concretamente, redigida pelo amanuense Bagão Félix, sendo ministra das finanças Ferreira Leite. Afinal as rábulas sobre a insustentabilidade do sistema da Segurança Social que nos andaram a contar durante anos foi mais um embuste ao mesmo estilo das aldrabices compulsivas do Império do Bush. Jogaram e perderam e agora os utentes que vão roendo a fava dos cortes nos ex-direitos adquiridos.

Sempre homenageando tempos gloriosos e essas honoráveis conquistas virtuais em detrimento dos malandros do actual governo, agora quando o sistema se desfaz de vez e se começam a tomar medidas de contenção, o jornal da Sonae aproveita, e uma década depois vem dar uma perninha na promoção dos Fundos Privados aos quais o Estado, por via da ajuda e garantias dadas aos bancos estão a salvar da falência; Promovem-se os Privados, quando por todo o lado se estão a nacionalizá-los ou a acabar com eles; vejam lá: os PPR,s só rendem 0,32 contra 5,49 dos do BCP ou os 11,91 do Barclays. Qual é melhor? 11 por cento de capitalização sobre nada? ou 0,32% sobre um valor seguro, ainda que mais pequeno?

A velha dupla João Miranda-Daniel Oliveira discorda (como sempre e em tudo, ou não fossem eles as duas faces da mesma moeda capitalista de mercado) sobre a forma como os valores têm de ser investidos, ou dito numa perspectiva (neo) liberal: de como devem obrigatoriamente capitalizar para evitar a estagnação e a ruína (segundo o conceito imperialista global) mas o caminho é outro:
"o Decrescimento e o Dinheiro Alternativo como forma de Sustentabilidade das Economias Locais"
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terça-feira, outubro 21, 2008

contribuição para o estudo do Partido Capitalista Globalizado

Cenouras de incentivo ao voto alienado: as famílias das classes médias nos EUA ganharão nos seus salários mais 13 mil dólares nos próximos oito anos se Obama ganhar as eleições, por contraste com os parcos 5 mil caso fosse McCain a ganhar, segundo um estudo económico publicado na Alternet.

Ora isto, a vitória de Obama, num país já de si de longe com o mais alto rendimento per capita do mundo, resultará em que quanto mais ganharem os norte americanos pior será para o resto do mundo.

Com a séde do Império em fase de liquidação acelerada – nos empregos, nos 40% dos valores accionistas em bolsa que, por enquanto, já foram à vida (cerca de 3 triliões de dólares), nos produtos industriais e da agricultura intensiva que não encontram consumidores, etc. a economia norte americana terá de ir para a mesa de operações com urgência antes que chegue já cadáver: mas onde vão eles cortar? – como sempre, parece-nos evidente: os cirurgiões económicos vão operar a malta que não tem nada a ver com a doença dos ricos (o défice fiscal de 2008 nos EUA será de 438 biliões, por contraste com o valor mais alto de sempre gasto em despesas militares - 635 biliões que são apenas 4% do PIB - quando Eisenhower durante a 2ªGrandeGuerra dispendeu 9% do produto interno bruto. Que aconteceu? Houve uma “exportação” dos custos bélicos para os “aliados”, os paises tributários do Império)

Assim acontece também com “A Crise”: as taxas de queda não não iguais em todo o lado – veja-se como os povos governados por lacaios “se safam pior” – é aviltante como o desplante dos biltres atingiu o cume da indecência: Berlusconi na magna na reunião de gala em Washington para salvar a economia global brindou ao Bush: “estou cem por cento certo que seremos amigos para sempre”. Ora na Europa, a Itália é o país desenvolvido que mais sai prejudicado com a queda dos mercados: 53% contra uma quebra dos Estados Unidos de apenas 33%.

O crash financeiro acompanha a mesma lógica – as Bolsas não caem todas por igual ou aleatoriamente por não se saber ao certo qual a quantidade de papel-lixo introduzido no sistema da economia real – há uma direcção induzida para a quebra se verificar primeiro e de forma mais agravada nos "paises" (leia-se classes sociais) de economias mais frágeis, dependentes e pobres.

Ao contrário, as taxas de juro funcionam para capitalizar mais nos paises periféricos, de modo a encaminhar os lucros obtidos para o centro do Império onde o crédito é mais barato para resistir melhor ao agravamento de vida de populações habituadas a uma feliz abastança.
Quer dizer que, no presente paradigma, os diferentes proletariados nos diferentes paises aos mais diversos niveis de remunerações estão apenas divididos por uma linha artificial que são as linhas fronteiriças. A noção actual de Estado apenas já é válida para burguesia transnacional decidir onde e quando as polícias de choque vão distribuir as cargas de porrada sobre a malta que refila
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segunda-feira, outubro 20, 2008

Doc Lisboa 2008 (IV) We

“Nós” (Wo Men) de Huang Wenhai



















A maior trampa jamais vista nas seis edições que leva o DocLisboa. Pegar num objecto destes e ainda por cima admiti-lo ao concurso oficial é no mínimo indigno. É chato, comprido (cerca de 2 horas), monocórdico, de retórica profundamente reaccionária. Na China é socialmente ultrajante uma pessoa viver dependente a expensas do Estado - pegando na frase promocional: “quando estão em causa os interesses do Estado, não podemos ficar sentados à espera” o que faz o autor Huang Wenhai? – filma diálogos intermináveis, a roçar o monólogo, câmara fixa nunca entre mais de meia dúzia de figurantes avulso – ora este tipo de abordagem num país com uma população de 1,3 biliões de pessoas soa no mínimo a ridículo.
A trama ficcionada no documentário, segundo a ênfase manipulada pelo Ocidente, gira em volta dos suspeitos temas do costume: as sistemáticas violações dos direitos humanos, a liberdade religiosa, a ausência de liberdade de expressão para os que adorariam o desmantelamento definitivo das estruturas do Estado nascido da Revolução Popular Democrática de 1949, a Censura, o Partido como ente do povo que se sobrepõe à Constituição segundo os cânones estrangeiros, etc.

Com objectivos marcadamente políticos a curto prazo, estamos longe do brilhantismo de Jia Zhang-Ke em “Natureza Morta”, um digno vencedor do Leão de Ouro em Veneza em 2006, onde se projectavam na actual China em mutação os dramas íntimos das personagens no que elas contariam por menos nos grandes planos do regime que actua sobre a sociedade – graças às grandes obras (a Time designou-as por "A Curta Marcha" por contraste com "A Longa Marcha" dos tempos de Mao) milhões de pessoas migram para os modernos subúrbios das cidades (todas as escolas são a menos de 10 minutos a pé de casa) escapando-se às limitações de um ancestral mundo rural onde as vidas de sacrifício das populações se tornaram obsoletas. Esta é a maior migração na história da humanidade e mudará definitivamente a nação (e por extensão, devido à sua importância, o mundo).
Huang Wenhai, produtor e realizador independente nascido1971 na província de Hunan, formado pelo “Film College” em 2001, co-produziu e realizou “Nós” em 2008 a meias com a suiça Helen Cui; porém, como veremos e se tornará evidente, é abusivo situá-lo como uma produção China-Suiça.

















O leit-motiv gira em torno de Li Rui, “uma personagem sensível” por ter ocupado o “importante” cargo (!pasme-se!) de secretário pessoal de Mao Tsé Tung (1893-1976) – e alguns dissidentes tentam envolvê-lo na eventual (e praticamente inexistente) contestação interna, o que Li Rui discretamente recusa. Vive num arejado apartamento num boulevard de Pequim com sofás em pele, escreve e publica pequenos ensaios na internet, sítio onde tem cerca de 100 visitas diárias (não pode ter muitas, notam-lhe os amigos dissidentes, “senão facham-lhe o site”) e isto, aos 84 anos de idade basta-lhe. Estamos em pleno reino do humor: este vosso insignificante escriba, duas ou três vezes por semana, tem cerca de 300 visitas diárias; e o petit Portugal está a anos-luz de ter o número de utilizadores de internet da China.
Da liberdade religiosa e da falta de permissão para associações como a seita FaluGong estamos conversados; é igualmente ridícula a reunião de 1 dúzia de católicos em torno de uma mesa numa degradada barraca para rezar o padre nosso sob as ordens de um jovem místico, o blogger Ye Huo, que acredita na vida eterna – é normal que se regresse às retrógadas crendices medievais que Marx criticou no século XIX quando disse que “a religião é o ópio do povo”? – para além de não se proibir as reuniões, qual é a representatidade dos cristãos na China, um Estado oficialmente ateísta? Segundo a CiaWorldFactBook é 3 e picos por cento, possivelmente menos percentualmente que o clube de fãs do Michael Carreira. O que é que queriam? um santuário de Fátima em Xangai?

Huang Wenhai é definitivamente apanhado quando anexa ao documentário imagens de arquivo de uma manifestação pretensamente anti-comunista no distante ano de 1989 que contestava localmente o mau governo de uma pequena cidade – “abaixo o governador, abaixo a corrupção! Sigam as directivas do Comité Central” gritam os activistas; ora esta frase é omitida, não é traduzida do original nas legendas transcritas para o português.
Enfim, se é de (ausência) de representatividade que se fala e das inexoráveis leis do mercado capitalista selvagem de que tantas vezes a China é acusada – como se pagam obras estranhas como este ensaio sobre “Nós” (“Eles”, os chineses)? – tanto mais incomodativo quanto o realizador Wenhai com esta merda obteve uma não menos estranha “menção honrosa” na secção “Novos Horizontes” da Bienal de Veneza. Como sempre, a “contestação interna” na China tem origem a partir do exterior – uma breve investigação é reveladora e não consta do currículo cinéfilo oficial de Huang Wenhai: uma fast-graduação na Universidade de Paderborn (Alemanha) em “novas tecnologias de comunicação e as suas aplicações artisticas nas transformações das sociedades”. O curso, e futuros subsídios para o exercício da actividade, são pagos por uma grupo económico (o CIE) que gravita em torno da universidade, que selecciona alunos de reconhecido mérito entre os escassos 7 por cento dos participantes estrangeiros. Wenhai é o terceiro a contar da esquerda; o primeiro é o vice presidente e Director Financeiro (for Strategy, Finance and International Relations) Dr. Dr. Bernd Frick.

As estratégias dos programas CIE (Center for International Economics) centram-se em 6 campos: Desenvolvimento e Crescimento Global, Empresas Multinacionais, Instituições Internacionais e Economias Públicas Internacionais, Tomadas de Decisão e Jogos de Decisão, Estudos e Métodos Empíricos e Contribuições para os Debates Políticos Públicos – Como se pode deduzir os pseudos interesses “democráticos” são outros: como diz hoje Rui Tavares no Público, “nos últimos anos transferimos grande parte da capacidade produtiva mundial para um regime que parece estável mas que é sobretudo opaco” – é este ponto, levando em atenção a destruição da formação profissional entre nós, que está a causar engulhos à “livre iniciativa” dos investidores financeiros ocidentais: a existência de uma forma de organização social superior (no caso sob a égide do partido comunista) que não funciona segundo a lógica do lucro
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