“A razão última de todas as crises reais é sempre a pobreza e a limitação do consumo das massas frente à tendência da produção capitalista desenvolver as forças produtivas como se não tivessem limites para além da capacidade absoluta de consumo da sociedade"
Karl Marx
Karl Marx
cresce cresce bolha cresce, a crise só eclodiu quando os banqueiros do retalho vieram dizer que estavam tesos,
os paralíticos
No documentário “Lágrimas Negras” (Black Tears, de Sónia Herman Dolz, 1997) exibido no Doc Lisboa2008, o grupo de velhos músicos de Cuba da “La Vieja Trova Santiaguera", todos (menos um) com mais de 80 anos de idade fazem com um esforço físico enorme uma digressão pela Europa – “ficaremos o tempo que for preciso para ajudar a nossa a pátria” – Durante e no final de cada concerto em palco eles precisam de assistência porque já vêem mal e as escadas representam um enorme risco para as suas pernas; contudo, o desgaste físico e o esforço quotidiano dos músicos não os impede de fazer uma peregrinação obrigatória que é um dos momentos mais comoventes da película – bem dentro do espírito proletário da ilha, é a romagem ao túmulo de Karl Marx no cemitério de Harrogate em Londres – pouco mais de meia-dúzia de pessoas de chapéu na mão repreendendo-se mutuamente para observarem um pequeno silêncio em sinal de respeito; não são mais que os que assistiram ao funeral de Marx em 1883 quando Engels lhe proferiu a anónima elegia:
“Marx foi o mais odiado, o mais caluniado homem do se tempo. Governos, fossem eles absolutistas ou republicanos, deportaram-no para fora dos seus territórios. Burgueses, fossem eles conservadores ou ultra-democraticos ignoraram-no, respondendo-lhe apenas em caso de extrema necessidade. Mas Marx morreu amado, reverenciado e chorado por milhões de revolucionários seus camaradas de trabalho. O seu nome permanecerá através dos tempos, e também as suas obras”
Realmente, é convicção geral que a obra de Marx só morrerá junto com a criação daquilo que esteve na origem do seu estudo: Marx só deixará de ter actualidade quando o capitalismo desaparecer de vez da face da Terra.
Falamos repimpados aqui do Ocidente (onde as classe médias agora em proletarização acelerada vivem da exploração e da agressão de além-mar) onde os operários e produtores (por via da deslocalização da produção para países proletarizados) são hoje quase espécies em vias de extinção; onde manhosas instituições como a UGT, mantendo desavergonhadamente o cognome de “sindicato” acolhe para comunicações oficiosas os agentes do capitalismo, desde o ministro da repressão ao Trabalho até ao Cavaco chefe de fila interno dos economistas ultraliberais da finança internacional.
Os pontos de vista não são neutros: têm uma perspectiva de classe. Como os “condenados da terra” são a maioria, a eles se deve a presente onda de revivalismo da teoria de Marx – este ano o clássico “O Capital” triplicou as vendas na Alemanha e milhares de estudantes visitaram uma instalação na antiga Karl-Marx-Stadt, hoje Chemnitz feita em redor do monumento original em honra de Marx, a que chamaram de “Museu Temporário do Marx Moderno”
Nesta nuvem de palavras representam-se através de um programa informático as 125 palavras que aparecem mais frequentemente no Volume 1 de “O Capital”. Cada palavra aparece com o tamanho na mesma proporção em volume com que é referida – é inequívoca a perspectiva de defesa de classe que a obra representa. Marx não pode ser reutilizado por intelectuais aspergidos por brilhantina-up-date nem voltará ao pó das bibliotecas como desejariam os programadores que fazem os jornais
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