Imagine-se um esquema onde prender gente fosse um negócio. O Estado dá a empresas privadas a concessão para explorar comercialmente os serviços prisionais. Feitas as contas aos custos de manutenção de instalações, salários dos guardas, gestão administrativa, cada preso custa ao Estado cerca de 50 euros por dia. (em Portugal, que tem celas luxuosas, quando comparadas com os cubículos com telhas em chapa em uso nos Estados Unidos). Estes números e especificações vão a concurso e quem fizer mais barato ganha o negócio de gerir uma cadeia. Partindo do principio que cada prisão tem X número de presos. Imagine-se se os níveis de delinquência baixassem drasticamente e os presos passassem a uma terça parte da média, os poucos quue ficassem deixam de ter rentabilidade, a empresa privada perde economia de escala para pagar os custos e acciona a cláusula para o Estado pagar o prejuízo. Neste caso, que é grave do ponto de vista de quem deixa de realizar lucro, se não há presos inventam-se. Agravam-se os critérios jurídicos das penas a aplicar, conjuga-se este desígnio com a intenção de castrar esta ou aquela classe social, as mais incómodas.
Do site da ACLU: "O número de pessoas detidas nas prisões dos EUA é mais de 2 milhões, mais ou menos igual a toda a população de Houston, Texas. A enorme população carcerária dos EUA não espelha no entanto o perfil demográfico da sociedade dos EUA ou os padrões reais de crime. Na verdade, não há um padrão absoluto na análise da disparidade racial na população carcerária, este é criado como resultado da discriminação racial por parte das autoridades. [...] a disparidade racial entre os prisioneiros e a população em geral é particularmente profunda. Os Negros e Latinos juntos correspondem a menos de 30 por ccento da população em geral, mas estas duas etnias constituem quase 70 por cento da população encarcerada nos EUA. Como pode uma situação destas acontecer? [...] Considerem-se os seguintes factos: os Negros constituem 12% da população dos EUA, incluindo-se nestes 14 por cento de todos os utilizadores de drogas ilegais, mas eles representam 35 por cento de todas as prisões por posse de drogas, 55 por cento de todas as condenações por crimes de drogas, e 75 por cento de todos os que vão para a prisão por crimes de droga!"
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