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terça-feira, março 18, 2014

o Manifesto dos 74, como aliás o Governo, condena os portugueses a pagar uma espécie de imposto vitalicio sobre o endividamento

Há aquilo que se sabe e há aquilo que se ignora. Entre uma coisa e outra está aquilo que se supõe” (André Gide)
noticia de Junho 2011 (ampliar)
Não adianta 74 dos responsáveis pelo endividamento do país virem agora propôr “reestruturar” a Dívida. De facto a renegociação da Dívida é uma realidade que já está em curso. A alta velocidade com que os Media aldrabam a opinião pública não permite sequer avivar a memória para o facto de em Junho de 2011 a situação de incumprimento do pagamento da dívida pela Grécia motivar uma Cimeira extraordinária da UE. Prazos mais longos para o pagamento e juros mais baixos foram então acordados. Por essa altura disse o “nosso” Governo que Portugal seria igualmente beneficiário dos novos valores propostos: “vendo aumentadas as condições de sucesso do programa da Troika” (sic). O prazo deveria passar dos sete para os 15 anos e os juros dos empréstimos fixavam-se a um tecto máximo de 3,5 por cento. Viu-se!, a partir daí os juros não pararam de aumentar, ultrapassando os 6 por cento.

o relógio do Portas e o relógio do Passos
O que se passou efectivamente foi que, na sequência da venda especulativa de milhares de milhões de títulos financeiros oriundos do esquema de Ponzi norte americanos aos bancos portugueses, quando a vigarice colapsou os “nossos” banqueiros face ao risco de incumprimento obrigaram o Estado a assumir estes valores como dívida soberana (2010). Essa “Dívida”, espalhada por um sem número de entidades, fundos de investimento e bancos privados estrangeiros, principalmente alemães, foi sendo progressivamente transferida para a responsabilidade da banca nacional. É um longo processo de trafulhice continuada que ainda não está concluído. Mas quando os governantes , cavaco&compª viram em finais de 2013 que a coisa estava bem encaminhada, missão cumprida, trataram de arranjar uma estrangeirinha para retirar Vitor Gaspar de cena, promovendo-o para actividades mais úteis ao serviço dos credores. Ficaram então em condições de anunciar “uma retoma” e uma descida dos juros, como invocando um milagre para os 4,5 por cento disse o ministro Machete. (Como assim? Se três anos antes tinham afirmado que os juros seriam de 3,5 por cento?). Com esta jogada, a Dívida que antes não chegava aos 100 por cento subiu para valores perto de 130 por cento.

Cai o pano. Saído dos bastidores Passos Coelho vem agora afirmar que Portugal está em condições de cumprir o Tratado Europeu que impôs a sua transferência para a Lei Nacional, isto é, que obriga o país a reduzir progressivamente o endividamento para um valor de referência próximo dos 60 por cento do PIB. O que pelas contas actuais se verificará só daqui a 66 anos. Isto é o que se infere do que PSD-PS-CDS dizem reunidos, Dupont e Dupond e a respectiva bengala. Partindo do principio que as contas não estão mais uma vez aldrabadas ou que o povo esqueceu a criminosa burla original que tem levado Portugal ao desmantelamento social.

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