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quinta-feira, abril 24, 2008

Francisco Martins Rodrigues 1927-2008

"O sistema capitalista não vai evoluir, nem vai desaparecer por si, nem vai entregar o poder, a única perspectiva que existe é o seu derrubamento pela força"

Figura mítica da oposição antifascista, pertenceu à direcção, na clandestinidade, do PCP. Esteve preso em Peniche com Cunhal e acompanhou-o na fuga em 1961. Esteve preso de novo diversas vezes, a última das quais de 1965 até à queda do fascismo em 1974. Dissidente do PCP em ruptura com a ideologia reformista de Moscovo da III Internacional face às propostas alternativas do maoismo FMR funda a Frente de Acção Popular (FAP), juntamente com o médico João Pulido Valente e Rui D'Espinay. A partir do exilio foi a única organização revolucionária que conseguiu pôr uma bomba na escola da Pide e um cocktail Molotov numa esquadra; citado do DN: " mas João Pulido Valente é preso pouco tempo depois devido a uma denúncia de Mário Mateus, um membro do PCP que trabalhava para a PIDE. Da cadeia consegue enviar a mensagem com a identidade do delator. Então, elementos da FAP liderados por Martins Rodrigues conseguem atrair Mateus, levam-no para o pinhal de Belas, interrogam-no e, perante a confissão, executam-no a tiro. Passado pouco mais de um mês quase todos são presos pela PIDE e as suas estruturas em Portugal desmanteladas. Sofrem torturas muito violentas na cadeia, em especial Martins Rodrigues, por ter morto o informador. Foi ele, aliás, o primeiro português interrogado sob o efeito do "soro da verdade". Não aguenta e faz declarações, tal como Rui D'Espinay. Só João Pulido Valente resiste, o que lhe valerá no pós-25 de Abril uma aura de heroicidade. Em contrapartida, Martins e D'Espinay ver-se-ão afastados de qualquer lugar de liderança". A barragem mediática foi implacável, FMR jamais foi citado em qualquer orgão de "informação" corporativa. E quando o fizeram, já depois do óbito é para o adjectivarem de "estalinista" à luz das idiotices do pensamento aborregado contemporâneo (como foi o caso no DN de ontem)

Depois do 25 de Abril Francisco Martins Rodrigues fundou a auto-denominada primeira organização marxista-leninista portuguesa (a CMLP, o que é discutivel face ao MRPP) e depois a revista "Politica Operária" que tem sido aqui citada variadas vezes. A talvez centena e meia de pessoas que estiveram no funeral e a solitária bandeira comunista à porta do Alto de São João fazem a diferença para as dezenas de milhares que inundaram a Morais Soares no funeral de Álvaro Cunhal; a diferença entre uma vida de combate em condições sempre muito dificeis e um santinho do povo ícone da igreja ortodoxa em diálogo apaziguador com os opressores com base na fé representativa do parlamento; a diferença entre a Revolução e o Reformismo, que nos colocou a todos (os proletários) onde agora estamos
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