“Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa” dizia o escritor francês Victor Hugo em “Os Miseráveis”
Mas isso era dantes; a novela proletária de época que romanceava a luta de classes foi macaqueada para turista rico ver em technicolor na Broadway e o bom povo com a guita à conta da bucha ficou a coçar-se com a comichão de esquerda – talvez requerendo os serviços de César Romero se consiga passar a película esta moderna maratona dos zombies da porcalhota europeia derrotada, conforme vimos, quanto mais não fosse desde que em “A Bout de Souffle” demos pela Jean Seberg a vender o New York Herald Tribune nos Champs-Élysées ao Jean Paul Belmondo
Uma das imagens mais significativas que guardamos da nossa “revolução de Abril” é precisamente esta: enquanto os recrutas fazem a cobertura a um inimigo que suspeitava que estaria salvo se não se mexesse, os transeuntes miravam rotineiramente as montras na maior das calmas.
Um dedo mindinho dizia-lhes que enredos de quartel normalmente degeneram em piadas badalhocas de caserna; o nosso gozo (alarve) é que até esses velhos bestuntos, mesmo depois de reformados, ainda continuam a ter de cumprir o “regulamento de disciplina militar”. Bem hajam e maila a vossa cultura clássica, óh magalas de Novembro. Faz-se artificialmente constar que durante os acontecimentos de 25 de Novembro a tropa evitou uma guerra civil. Mas quem evitou de facto que se fizesse justiça aos 48 anos de ditadura foi a tropa do golpe que previamente tinha decidido entregar o poder burguês para reciclagem àquele painel de cavalheiros de ar grave que apareceram na televisão nessa mesma noite de 25 de Abril.
De regresso à terra, com um bilhetinho de ingresso à borla na Broadway para quem comprou um apartamento na Quinta das Lilypops recorde-se então, para o uso considerado mais adequado, a desbunda que fizeram com o estribilho (a culpa é do Voltaire, que culpou Rosseau) da canção que Gavroche resmungou sob as balas nas barricadas da rua Saint-Denis, durante a insurreição parisiense de 1832 – a festa dos Pedintes: vai mais uma à conta do dono da casa. Divirtam-se; mas entretanto não esquecer que esta é uma peça triste,,, no final “a miserável” Gravoche, entregue a si própria, é abatida a tiro. E porquê?, porque revolução que se preze jamais poderá confiar num exército de mercenários com os vícios e ao serviço da classe dominante. Só um exército constituído por milícias populares armadas sob rigoroso controlo democrático pode acabar com a tosse dos empresários da miséria institucionalizada. Disse.
Teoria da Organização Política, Sun Tzu, Maquiavel, Clausewitz, Trotsky, Giap, Fidel Castro - O tema da estratégia é obrigatório para quem se coloca a tarefa de pensar a transformação da sociedade. Não há como avançar com consciência dos riscos e das possibilidades de vitória sem observar, prever e planear para alcançar o fim desejado. Na história da humanidade, os termos estratégia e táctica foram e são aplicados com diferentes conteúdos e intenções. Como forma de conhecimento, podemos passar em revista alguns momentos, estabelecer e fixar, a partir de determinados períodos, os processos de guerras e lutas políticas, e perceber como algumas delas evoluíram e terminaram. Perceber, embora limitadamente, como se desenvolveram e influíram no destino da humanidade ou deixaram de influir. Por fim, visualizar a actualização dos conceitos a partir do movimento que empurra a revolução para a frente.
O que pretendemos é facilitar a militância deste século - que já se distancia por várias décadas dos processos revolucionários ocorridos (embora entretanto tenham ocorrido lutas intensas) - o conhecimento do caminho para o aprofundamento da praxis revolucionária. Sem dúvida, pela experiência histórica, podemos afirmar que, seja nas lutas sociais, seja na luta política ou militar, sempre que duas ou mais forças se enfrentaram, venceu sempre aquela cuja capacidade dos seus estrategas foi infinitamente superior à dos seus adversários
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Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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terça-feira, abril 29, 2008
o Tuga Guitar no crepúsculo de abril
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